Venezuelanos procuram abrigo na Espanha após escapar de Maduro e Trump

Após sobreviver à perigosa jornada pela selva de Darién Gap, no Panamá, com sua esposa e três filhas para chegar aos Estados Unidos, o policial venezuelano Alberto Peña pensou ter encontrado um refúgio contra a perseguição que ele alega ter fugido em seu país.

Dois anos após a decisão do presidente americano Donald Trump de revogar o status de refugiado temporário de centenas de milhares de venezuelanos nos EUA, Peña e sua família se mudaram mais uma vez – agora para a Espanha.

“Migrar duas vezes é difícil, tanto para nós mesmos quanto para nossos filhos”, disse Peña de Madrid. “Mas a paz de espírito não tem preço.”

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Ele se junta a um número crescente de venezuelanos que se tornaram os novos motores da migração para a Europa.

Por muitos anos, os Estados Unidos serviram como um porto seguro para venezuelanos que escapavam do governo de esquerda do líder Nicolás Maduro, mas, no segundo mandato de Donald Trump, muitos estão sendo vistos como criminosos e são obrigados a procurar refúgio em outros países.

A Espanha, que tem implementado uma política de imigração mais flexível para enfrentar a falta de trabalhadores, apesar de seus vizinhos europeus seguirem uma estratégia mais restritiva.

Adicionalmente, o país também possui o idioma e os valores culturais que o tornam a alternativa natural para muitos dos 1 milhão de venezuelanos que residem nos EUA e que temem a deportação, afirmou Tomás Paez, diretor do Observatório da Diáspora Venezuelana.

A preocupação com serem enviados para prisões como a Alcatraz dos Jacarés, na Flórida, está motivando muitos venezuelanos a se “autodeportarem”, afirmou Paez.

Ele afirmou: “As pessoas têm medo até de ir à escola ou ao trabalho por medo de serem alvo e presas”. Ele acrescentou: “Elas não sabem o que fazer, então está havendo um êxodo”.

Organizações não governamentais espanholas registraram um incremento no número de venezuelanos que chegam ou procuram informações sobre como residir no país.

No mínimo três de cada dez consultas envolvem venezuelanos residentes nos EUA, informou Jesús Alemán, líder da ONG Talento 58, com sede em Madri, que acompanha imigrantes venezuelanos como Meliana Bruguera.

Autorização de residência

Bruguera, de 41 anos, chegou aos EUA alegando estar fugindo de ameaças na Venezuela. Ela transportava sua filha de cinco anos e possuía um visto humanitário temporário que Trump cancelou durante a renovação, quando ela estava em processo.

Preocupada com o risco de ser deportada, ela optou por abandonar seu trabalho como professora de educação infantil para se mudar novamente, desta vez para a Espanha.

“Eu não conseguia parar de chorar no trabalho. Ficava dizendo: ‘Isso é desumano. Por que eles estão me expulsando dos Estados Unidos também?’”, afirmou ela em Madri.

Dados oficiais espanhóis indicam que as chegadas de venezuelanos estão se intensificando. Aproximadamente 59% dos 77.251 pedidos de asilo registrados no primeiro semestre de 2025 foram feitos por venezuelanos, em contraste com 38% dos pedidos feitos um ano antes.

Um número indeterminado de venezuelanos detém passaportes da UE através de laços familiares e está solicitando residência na Espanha por esse meio.

Segundo um relatório interno da Comissão Europeia, divulgado pela Reuters, 52.943 venezuelanos solicitaram asilo na UE até 27 de julho deste ano.

Fonte por: CNN Brasil