Julio Velásquez: como o treinador de voleibol da Itália impactou Pep Guardiola

A campeã da Liga das Nações Feminina com a seleção italiana, a técnica argentina Julio Velasco, possui uma extensa trajetória no voleibol italiano, que abrange outros títulos relevantes, como Campeonatos Europeus e Mundiais, além da medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Paris 2024.

Apesar de ser uma referência no voleibol, Velasco também influenciou profissionais de outras modalidades, incluindo um dos treinadores mais vitoriosos da história do futebol, Pep Guardiola.

No início dos anos 2000, quando trabalhava em Roma e se encontrava em fase final de sua carreira, Guardiola compreendia que, após se aposentar do futebol, se tornaria técnico. Em busca de orientações para sua futura atividade, consultou uma variedade de personalidades que admirava. Marcelo Bielsa foi uma delas, assim como Julio Velasco, a quem foi enviada uma ligação.

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“Olá, senhor Velasco. Sou Pep Guardiola e gostaria que pudéssemos nos encontrar e comer algo”, disse o catalão, em citação que consta no livro Che Pep – La conexión de Guardiola con el fútbol argentino, de Vicente Muglia.

Pep não se preocupava com aspectos táticos ou técnicos de vôlei, mas sim com questões de liderança e gestão de grupo.

O argentino, surpreso com o convite e com a curiosidade do futuro treinador, afirmou: “Nunca antes alguém do futebol me chamou para dizer que queria falar comigo”.

Ele me interrogou sobre tudo. Ninguém jamais me havia feito tantas perguntas. O que eu respondia, ele anotava em um caderno. Perguntava e registrava. Demonstrava interesse em saber tudo relacionado à gestão de grupo. Atualmente, posso afirmar que sempre que Guardiola faz referência a mim, é uma das maiores honras da minha trajetória no esporte.

Em 2013, durante uma conferência em Buenos Aires, Guardiola recordou o encontro com Velasco e revelou ao público presente alguns detalhes da conversa entre eles.

Das diversas coisas que Velasco me confidenciou naquela reunião, uma frase permanece comigo: “A chave de tudo é saber tocar a tecla correta”. Ele complementou explicando: “Tenho jogadores que apreciam que eu aborde temas táticos, mas outros que, após o primeiro minuto, não permitem mais que eu fale sobre isso”. Eu compreendi naquele momento que essa era a chave de tudo. “É uma ilusão que todos os futebolistas devem ser tratados da mesma forma”, afirmou Pep.

O jantar no início do século não foi o único contato entre os dois. Após conquistar sua primeira Champions League como técnico, com o Barcelona na temporada 2008-09, Guardiola voltou a se juntar com Velasco.

O argentino revelou que o treinador do Barcelona tinha dúvidas sobre manter ou não Samuel Eto’ô no elenco, e eventualmente o substituir por Zlatan Ibrahimovic.

Ele queria discutir comigo sobre como reformar uma equipe após obter sucesso. Eu percebi que você realizou mudanças após conquistar tudo com a seleção italiana, disse Pep. E então conversamos sobre isso. Eu apresentei minha opinião, relatou.

Após essa conversa, Pep Guardiola decidiu dispensar o camaronês e contratar o sueco, o que não se mostrou uma decisão acertada. Ibrahimovic enfrentou problemas com o técnico no Barcelona, e Eto’o conquistou a Champions League pela Inter de Milão sob o comando de José Mourinho.

Com o passar do tempo, Julio Velasco transformou-se em um admirador de Guardiola, que obteve títulos pelo Barcelona, Bayern de Munique e Manchester City.

O futebol é consideravelmente mais complexo que o vôlei e o que ele alcançou foi notável. Não se trata de que eu aprecie o futebol de Guardiola, eu admiro Guardiola.

Fonte por: CNN Brasil