Senegal opta por um resort turístico de R$ 6,4 bilhões em vez de “Akon City”
Executivo reavalia situação após artista descumprir cronogramas para desenvolvimento de cidade futurista com inspiração em Wakanda.

A Sapco-Senegal, órgão governamental responsável por áreas costeiras e turísticas, cancelou o projeto “Akon City” e anunciou a construção de um resort turístico de US$ 1,2 bilhão (R$ 6,4 bilhões) no mesmo local. A decisão ocorreu após o cantor Akon não cumprir os prazos definidos para o início das obras de sua cidade futurista, inspirada no reino fictício de Wakanda, dos filmes “Pantera Negra”, da Marvel Studios.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
O terreno em Mbodî¨ne, situado a aproximadamente 80 km de Dakar, capital senegalesa, foi majoritariamente retomado pelo Estado após o artista senegalês-americano não ter conseguido viabilizar seu projeto original orçado em US$ 6 bilhões (R$ 32 bilhões). Segundo informações da Bloomberg, Serigne Mamadou Mboup, diretor da Sapco-Senegal, declarou à Agência de Imprensa Senegalesa que o projeto original “não existe mais”.
O novo projeto contemplará hotéis, apartamentos, uma marina e uma passarela ligando o complexo a uma lagoa próxima. A Sapco visa transformar a região em um polo turístico e econômico.
Leia também:

Trump considera que existe uma probabilidade de 50% de um acordo com a UE antes da imposição de tarifas

Milhares de torcedores do Corinthians deverão pagar R$ 501 mil em anuidades ao clube

Ministério da Justiça inaugura programa de educação sobre o Holocausto
A intenção é transformar Mbodidje em um importante impulsionador de desenvolvimento, conforme destacado pela Sapc.
Para a realização do empreendimento, serão necessários 665 bilhões de francos CFA (aproximadamente R$ 6,4 bilhões). O governo contribuirá com 65 bilhões (R$ 630 milhões), enquanto 600 bilhões (R$ 5,8 bilhões) virão de investidores privados.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
A obtenção desses recursos constitui um desafio considerável para o Senegal, diante de uma crise financeira. Uma auditoria governamental revelou dívidas não declaradas no valor de US$ 7 bilhões (R$ 38 bilhões) acumuladas pela gestão do ex-presidente Macky Sall (Aliança pelo República). Essa situação prejudicou o acesso do país aos mercados de crédito internacionais e levou ao bloqueio de US$ 1,8 bilhão (R$ 9,8 bilhões) em financiamento do FMI (Fundo Monetário Internacional).
Apesar dos desafios, Boubacar Diallo, gerente da Sablux Immobilier, empresa parceira do governo no desenvolvimento, afirmou que “já observamos algum interesse”, sem apresentar informações concretas.
Akon, que recebeu 550 mil m² em 2020, conservou 80 mil m² que serão incorporados ao novo empreendimento de 500 mil m². “O que Akon está preparando conosco é um projeto viável, que a Sapco apoiará plenamente”, declarou Mboup.
A previsão é que o empreendimento crie 15.000 empregos na sua primeira fase, conforme a Sapco. Na cerimônia de inauguração, o prefeito Alpha Samb declarou: “Que este resort sirva como exemplo de sucesso no Senegal, um centro de turismo e uma fonte de oportunidades econômicas”.
Para os moradores, o novo projeto representa uma mudança de perspectiva após anos de frustrações. Jean Wally Sene, professor e residente de Mbodî¨ne, comentou: “Há muito tempo, pessoas, inclusive Akon, vêm aqui tentando nos vender sonhos e ilusões. Finalmente, há um sonho para Mbodî¨ne no qual ousamos acreditar.”
Fonte por: Poder 360
Autor(a):
Ricardo Tavares
Fluente em quatro idiomas e com experiência em coberturas internacionais, Ricardo Tavares explora o impacto global dos principais acontecimentos. Ele já reportou diretamente de zonas de conflito e acompanha as relações diplomáticas de perto.