A inflação no Brasil apresentou a primeira queda no ano, em agosto, com declínio de 0,11%. Contudo, a avaliação dos economistas sobre o cenário não é unânime. Os dados divulgados pelo IBGE confirmaram as previsões, mas não devem se manter no curto prazo.
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A redução da inflação foi impulsionada sobretudo pela energia elétrica residencial – item de grande relevância na composição do índice –, que caiu 4,21% no mês, em razão da inclusão do Bônus da Itaipu, concedido nas faturas emitidas em agosto.
O resultado de agosto refletiu principalmente efeitos transitórios, ainda sem indicação de melhoria estrutural da inflação, como na energia elétrica. O núcleo também veio distorcido: descontos passageiros em lazer (semana do cinema) reduziram artificialmente o índice e devem pressionar o IPCA de setembro, explica Leonardo Costa, economista do ASA.
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Os recentes dados do IBGE indicam que a informação está disponível há uma semana da próxima reunião de política monetária do Banco Central, com uma expectativa quase unânime no mercado de que a autarquia manterá a Selic em 15% pela segunda reunião seguida.
Em relação aos alimentos, o IBGE já identificou um possível efeito positivo da tarifa americana sobre determinados preços, com o incremento da oferta no mercado interno de produtos como manga, mamão e café.
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O consumo da bebida mais popular entre os brasileiros apresentou declínio de 2,17% em agosto. Contudo, de janeiro a agosto, o café moído obteve aumento de 38,38% e, nos últimos 12 meses, apresentou crescimento superior a 60%.
A taxa de 50% aplicada pelos Estados Unidos, que começou a vigorar no início de agosto, afetou o café. Mesmo com os esforços do governo e do setor privado, o produto não foi incluído na lista de isenções divulgada por Washington.
Apesar das oscilações desfavoráveis, o cenário econômico deve manter a pressão sobre os preços, em especial nos serviços.
Rafael Perez, economista da Suno Research, declarou que, em 12 meses, o aumento dos serviços acelerou para 6,16%, de 6% em julho, e a média dos núcleos da inflação, que excluem preços mais voláteis, também avançou, para 5,16%.
Os indicadores indicam que, apesar da inflação estar diminuindo com a valorização do câmbio, queda nos preços de commodities e de insumos, a qualidade da inflação – relacionada a serviços e à demanda doméstica – continua resistente.
Alexandre Maluf, economista da XP, indica que o mercado de trabalho permanece aquecido no país, com salários em ascensão. Ele afirma que esse cenário impulsiona o crescimento da demanda interna, gerando, por sua vez, pressão sobre os serviços.
Na última reunião de política monetária, em julho, o Banco Central interrompeu o ciclo de aumento da Selic, declarando a intenção de manter a taxa em 15% por um período consideravelmente extenso.
A Banco Central mencionou as expectativas de inflação desancoradas, a resiliência da atividade econômica e pressões no mercado de trabalho, além dos anúncios de tarifas comerciais mais altas nos Estados Unidos, o que, na visão da autoridade monetária, sustentaria a postura de cautela diante das incertezas.
Olhando à frente, mantemos nossa projeção de inflação para 2025 em 4,9%. Atualmente, avaliamos que o balanço de riscos segue equilibrado, porém mais incerto, com efeitos líquidos desinflacionários provenientes da guerra tarifária. A taxa de câmbio permanece relativamente estável, e as expectativas de inflação vêm apresentando melhora consistente, inclusive no longo prazo. Apesar disso, o cenário ainda é significativamente pressionado.
Fonte por: CNN Brasil