Políticos e reguladores dos Estados Unidos participam de conferência sobre psicodélicos

Texas, Michigan, Ohio e Arizona enviaram governadores, senadores e representantes ao primeiro dia da Conferência de Ciência Psicodélica.

19/06/2025 3:13

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Políticos e reguladores dos Estados Unidos participam de conferência sobre psicodélicos
(Imagem de reprodução da internet).

“Ainda estamos firmes” foram as primeiras palavras de Rick Doblin, empresário e ativista que lidera a Maps (Multidisciplinar Association for Psychedelic Studies), organização não governamental que desde 1986 busca ampliar a conscientização e a compreensão sobre substâncias psicodélicas. A declaração de Doblin se referia à revés que a instituição sofreu no ano anterior, com a negativa do FDA em relação aos estudos apresentados pela Maps na tentativa de transformar o MDMA em medicamento para o tratamento de TEPT (Transtorno do Estresse Pós-Traumático), que afeta mais de um milhão de norte-americanos veteranos de guerra. “A aprovação do FDA ocorrerá, em algum momento, mas”, assegurou.

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Apesar da resistência, os esforços da Maps não foram interrompidos, e por bom motivo. O interesse pela psicoterapia assistida por psicodélicos se expande como celebração em diversos Estados americanos. Atualmente, mais de 15 Estados nos EUA possuem alguma forma de programa ou apoio à psicoterapia assistida por psicodélicos, seja por meio de acesso regulamentado, financiamento à pesquisa ou estabelecimento de grupos de trabalho.

Já no primeiro dia da Psychedelic Science Conference, governadores, senadores e representantes de Texas, Michigan, Ohio e Arizona estiveram presentes para se atualizar sobre as novidades que surgiram nesse campo nos últimos meses. Além deles, autoridades do Colorado também participaram em peso, incluindo o governador, Jared Polis, que anunciou em primeira mão que o Estado vai perdoar crimes relacionados com porte e uso de psilocibina.

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Phil Weiser, procurador-geral do Colorado, subiu ao palco durante a cerimônia de abertura. Defendeu que a iniciativa do Estado é fundamental para o aprimoramento da saúde pública, especialmente em casos de TEPT e vício em opioides (crise generalizada, evidente nos grandes centros urbanos do país). “Se não se trata desses traumas, a sociedade recebe isso de volta em forma de violência, abusos e vícios”, argumentou, enquanto prometia contribuir com uma regulamentação ainda mais abrangente para o uso seguro de psicodélicos.

A busca por resultados superiores é a premissa do Colorado, que se destaca, ao lado do Oregon, entre os estados mais receptivos à área. “Podemos liderar na medicina natural, podemos experimentar, e a experimentação é inovação”, declarou.

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Rick Doblin utilizou a cerimônia de abertura do evento para expressar duas principais preocupações: a busca de empresas farmacêuticas psicodélicas por dissociar as substâncias da terapia, e a escassez de terapeutas qualificados e devidamente licenciados para auxiliar na integração de vivências psicodélicas. Além disso, anunciou que a MAPS está conduzindo o 1º estudo clínico comparativo entre psicoterapia assistida por psicodélicos, conduzida individualmente e em grupo. E delineou os planos: “Existe uma hipótese de que traumas familiares possam ser tratados em grupo”.

A cerimônia de abertura também incluiu a participação de executivos da Maps, que revisitaram os desafios enfrentados nos quase 40 anos de atuação, e homenagens a duas personalidades importantes na luta pela liberação das substâncias psicodélicas: Amanda Fielding, ativista influente e pioneira na reforma das políticas de drogas e no ressurgimento da ciência psicodélica, falecida em maio de 2025, aos 82 anos; e Roland Griffiths, fundador do Centro de Psicodélicos e Consciência da Universidade Johns Hopkins, falecido em outubro de 2023, pouco após participar da 3ª edição da conferência, enquanto recebia tratamento paliativo para um câncer em estágio terminal.

Saiba mais sobre a Conferência de Ciência Psicodélica:

Veja o vídeo (3min3s):

Fonte por: Poder 360

Fluente em quatro idiomas e com experiência em coberturas internacionais, Ricardo Tavares explora o impacto global dos principais acontecimentos. Ele já reportou diretamente de zonas de conflito e acompanha as relações diplomáticas de perto.