Paulo Sérgio demonstra irritação com seu advogado, afirmando: “Não houve acordo”

O ex-ministro respondeu à indagação da defesa em relação à reunião de dezembro de 2022: “Vai perguntar sobre a reunião, né?”.

11/06/2025 5:29

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Paulo Sérgio demonstra irritação com seu advogado, afirmando: “Não houve acordo”
(Imagem de reprodução da internet).

O ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira demonstrou irritação com seu advogado durante o depoimento prestado na terça-feira (10.jun.2025) à 1ª Turma do STF.

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A cena foi capturada pela gravação do depoimento. O advogado de Paulo Sérgio, Andrew Farias, iniciou uma pergunta referente a uma reunião ministerial ocorrida em dezembro de 2022. Nessa ocasião, o então ministro declarou que o governo estaria “vinculado” aguardando a disposição do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Na terça-feira (10.jun), Paulo Sérgio interrompeu Farias assim que a reunião foi mencionada. “Vai perguntar sobre a reunião, cara?”, disse o ex-ministro, com expressão contrariada e os braços abertos. O advogado respondeu que o questionamento servia para o ex-ministro “esclarecer” a situação. O momento tornou-se alvo de risadas dos presentes, além de Paulo Sérgio e do advogado.

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Paulo Sérgio demonstrou novamente irritação com a referência à reunião. “Você não combinou comigo, mas tudo bem”, declarou o ex-ministro a Farias.

Assista.

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O depoimento.

Paulo Sérgio se desculpou com o ministro do STF Alexandre de Moraes e afirmou não ter participado da elaboração da suposta “minuta do golpe”, um documento de um possível decreto para instituir estado de sítio ou de defesa, que necessitaria de aprovação do Congresso.

Nogueira expressou seu pedido de desculpas públicas pelas declarações proferidas naquela ocasião. Moraes recordou as afirmações do general durante a reunião de 2022.

Nogueira negou qualquer envolvimento na “minuta do golpe”, afirmando que “nunca tratou nem teve participação em um plano de golpe com os 3 comandantes. A questão tratava da GLO [Garantia da Lei e da Ordem] legitimamente”.

O general afirmou não ter sido pressionado pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) para incluir na reportagem das Forças Armadas a alegação de que seria possível fraudar as urnas eletrônicas.

Não ocorreu reunião, não entreguei o relatório para o presidente assinar. O presidente da República nunca me pressionou. [… ] O que mais me causa desconforto é saber, através da denúncia, do inquérito, que eu havia alterado este relatório.

A versão foi igual à apresentada por Bolsonaro durante depoimento na terça-feira (10.jun). “Eu pedia ao ministro da Defesa que fizesse um relatório o mais imparcial possível, colocando apenas o que não deixasse dúvidas. Meu relacionamento com qualquer ministro nunca foi de pressão ou autoritarismo, era uma relação bastante fraternal”, declarou o ex-presidente.

Interrogatórios

A Primeira Turma do STF iniciou na segunda-feira (9.jun) o interrogatório dos réus no núcleo central do processo penal por tentativa de golpe de Estado. De acordo com a Procuradoria Geral da República, os integrantes desse grupo teriam sido responsáveis por liderar as ações da organização criminosa que visavam impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Pertencem ao grupo:

O primeiro a ser ouvido foi Mauro Cid, que firmou um acordo de cooperação com o STF. Os demais réus foram interrogados em seguida, em ordem alfabética. Essa ordem foi estabelecida para que todos tivessem conhecimento do que o delator declarou e, assim, pudessem exercer o amplo direito de defesa.

Todos os réus do núcleo estão obrigados a comparecer nos interrogatórios, mas podem permanecer em silêncio e responder a algumas ou nenhuma pergunta. O relator, ministro Alexandre de Moraes, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, e os advogados podem fazer perguntas. Se outros ministros da 1ª Turma comparecerem, também podem questionar os réus.

Após as audiências, os réus não necessitam mais comparecer. A única pessoa do grupo que não participou até a sessão plenária da 1ª Turma é o general Braga Netto, que está preso preventivamente no Rio de Janeiro desde dezembro. Ele participou por videoconferência.

Os interrogatórios são parte da fase instrutória do processo criminal, momento de coleta de evidências. As testemunhas do lado da acusação e da defesa já prestaram depoimentos e novas provas documentais e periciais podem ser apresentadas, se solicitadas pelas partes e autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes.

Podem ser realizadas, eventualmente, investigações adicionais para esclarecer pontos relevantes durante a instrução. Só após essa fase a acusação e as defesas devem apresentar suas alegações finais e Moraes elaborará o relatório final para o julgamento.

Os depoimentos judiciais são divulgados no canal do STF no YouTube e na TV Justiça ao vivo. O Poder360 também realiza a transmissão no canal deste jornal digital no YouTube (inscreva-se e ative as notificações). No Brasil, o depoimento de réus em ações penais é, por regra, um ato público. Embora a transmissão ao vivo não seja comum, o STF já permitiu acesso de jornalistas e do público em outros casos semelhantes.

Acompanhe os vídeos do depoimento dos réus perante o STF.

Acompanhe notícias sobre o depoimento de Bolsonaro:

Leia reportagens sobre o depoimento de Mauro Cid:

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Fonte por: Poder 360

Ana Carolina é engenheira de software e jornalista especializada em tecnologia. Ela traduz conceitos complexos em conteúdos acessíveis e instigantes. Ana também cobre tendências em startups, inteligência artificial e segurança cibernética, unindo seu amor pela escrita e pelo mundo digital.