Organizações de ajuda internacional relatam que ainda não conseguiram fornecer materiais para abrigos em Gaza, mesmo com a alegação das autoridades israelenses de que suspenderam as restrições aos suprimentos, e advertem que novos atrasos podem resultar em mais mortes de palestinos.

As organizações de ajuda humanitária afirmam que Israel estava, na realidade, bloqueando a entrega de materiais para abrigos há quase seis meses, sendo que as varas de barracas estavam listadas anteriormente entre os itens que as autoridades israelenses consideravam que poderiam ter uso militar e civil.

Diante do crescente interesse global sobre a situação dos palestinos com a persistência da guerra em Gaza, Israel anunciou no mês passado medidas para facilitar a entrada de auxílio em Gaza e informou, no sábado, que começaria a permitir a circulação de materiais para construção de abrigos a partir do dia seguinte.

Funcionários de cinco grupos de assistência, incluindo agências da Organização das Nações Unidas (ONU), informaram à Reuters que os materiais de abrigo necessários para um grande número de palestinos deslocados ainda não estão chegando a Gaza e apontam os obstáculos burocráticos israelenses como culpados.

O porta-voz do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA), Jens Laerke, afirmou que “As Nações Unidas e nossos parceiros não conseguiram trazer materiais de abrigo após o anúncio israelense”.

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Ainda existem diversos entraves a serem solucionados, incluindo a liberação aduaneira israelense.

A CARE International, a ShelterBox e o Conselho Norueguês de Refugiados também relataram não ter recebido permissão para fornecer materiais de abrigo. Uma outra organização não governamental internacional, que preferiu não ter seu nome divulgado, informou que não conseguiu realizar a entrega desses suprimentos, porém, estava buscando a autorização necessária.

Segundo a ONU, mais de 1,3 milhão de habitantes de Gaza não possuem abrigo e estima-se que mais pessoas sejam deslocadas devido a uma operação israelense para conquistar a cidade de Gaza.

A Cogat, a agência militar israelense que coordena a ajuda, não respondeu prontamente às perguntas da Reuters. A agência declarou previamente que dedica esforços significativos para assegurar que o auxílio alcance Gaza e rejeitou alegações de restrições de abastecimento.

Após quase dois anos de conflito, muitos palestinos desabrigados encontram-se morando nos destroços de suas residências ou em abrigos temporários.

“A vida na barraca não é nada. Não há banheiro adequado, nem mesmo um lugar decente para sentar. Ficamos sentados na rua, sufocados pelo calor”, declarou Ibrahim Tabassi, de 55 anos, em Khan Younis, no sul de Gaza.

Compartilha sua barraca estreita, construída com lona e entulho, com mais nove membros da família. Roupas e panelas estão penduradas no interior.

Sanaa Abu Jamous, outra moradora de Gaza, relatou que, da mesma forma que muitos outros moradores da cidade, ela está utilizando a mesma barraca danificada durante o conflito.

“Meu barraco está bastante deteriorado”, declarou ela.

Fonte por: CNN Brasil