O gelo na nuca realmente funciona para reduzir a ansiedade?
A aplicação de métodos caseiros requer atenção e não dispensa o acompanhamento médico. A avaliação de um especialista é indispensável e deve ser a princ…

Nos últimos meses, vídeos nas redes sociais divulgaram uma técnica simples para combater a ansiedade: aplicar um cubo de gelo na nuca. A alegação é que o frio auxilia na interrupção dos sintomas de crise, como taquicardia e dificuldade respiratória, proporcionando alívio quase instantâneo.
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Apesar de muitos relatarem alívio, especialistas afirmam que os efeitos podem variar. O gelo pode, em certos casos, auxiliar na regulação do corpo, mas não deve ser considerado tratamento para transtornos de ansiedade. Profissionais reforçam que somente o acompanhamento médico e a psicoterapia asseguram diagnóstico preciso e segurança.
A técnica se tornou notável devido à sua simplicidade de aplicação. Contudo, médicos e psicólogos alertam que a ansiedade não é uma condição única: compreende distintos níveis, sinais e causas. Assim, o emprego de abordagens caseiras deve ser considerado com prudência e não substitui o acompanhamento profissional.
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O que ocorre no corpo
Leonardo Fernandez Meyer, psiquiatra, mestre e doutor em Psiquiatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), afirma que a ansiedade é uma reação do organismo a situações de estresse. Quando se torna patológica, provoca sofrimento e prejudica a rotina diária. “O contato com superfícies frias pode proporcionar alívio temporário da crise ao reduzir alterações do organismo secundárias aos sintomas ansiosos, como aceleração dos batimentos cardíacos, suor excessivo e respiração acelerada”, explica.
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Essas alterações estão ligadas à ativação do sistema nervoso simpático, responsável pela liberação de adrenalina. O frio auxilia na ativação do sistema parassimpático, que reduz essas reações fisiológicas e promove equilíbrio. Técnicas complementares, como respiração lenta e profunda e alongamento muscular, também podem auxiliar.
Para quem vivencia crises, sugere-se procurar um ambiente calmo, sentar e regular a respiração, e, quando viável, aplicar água fria ou gelo no rosto. Meyer ressalta que se trata de ações de alívio rápido, porém não substituem a avaliação médica.
O nervo vago desempenha um papel crucial no sistema nervoso central, influenciando diversas funções corporais, incluindo a regulação da frequência cardíaca, a digestão e a resposta imunológica.
O psicólogo e psicanalista Francisco Nogueira, membro efetivo do Departamento Formaçãodo em Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae, de São Paulo, explica que a teoria mais citada sobre o gelo na nuca envolve o nervo vago, responsável por funções como digestão, frequência cardíaca e respiratória. Estimular esse nervo poderia auxiliar na regulação de sintomas relacionados à ansiedade.
Apesar disso, o especialista enfatiza que não há comprovação científica suficiente. “Algumas pessoas podem se acalmar com o gelo, mas não sabemos se é pela estimulação do nervo ou pelo contexto de cuidado. O gesto de alguém oferecer o gelo e acolher já pode trazer sensação de segurança”, afirma.
Quando procurar assistência médica
Profissionais da área alertam que crises de ansiedade podem se sobrepor a questões cardíacas ou respiratórias. Assim, somente exames clínicos e avaliação médica podem excluir doenças mais sérias.
Crises recorrentes, sensação de paralisia, medo intenso e prejuízos no trabalho ou na vida pessoal são sinais de alerta. “A busca por estratégias paliativas pode mascarar uma condição clínica grave e atrasar o tratamento adequado”, ressalta Meyer.
Nogueira complementa que, frequentemente, pacientes buscam psicoterapia após terem consultado diversos especialistas e realizado exames clínicos. Quando não há diagnóstico físico, os sintomas podem estar relacionados a fatores psicológicos. Nesse cenário, a ansiedade deve ser vista como uma parte da vivência humana, que necessita de tratamento somente quando interfere na rotina diária.
Ele enfatiza que emoções como o medo ou a ansiedade possuem uma função adaptativa e podem preparar o organismo para lidar com dificuldades. A intervenção terapêutica é necessária quando esses sinais cessam de desempenhar essa função e começam a interferir na qualidade de vida do indivíduo.
Exercício físico pode auxiliar no combate à ansiedade.
Fonte por: CNN Brasil
Autor(a):
Marcos Oliveira
Marcos Oliveira é um veterano na cobertura política, com mais de 15 anos de atuação em veículos renomados. Formado pela Universidade de Brasília, ele se especializou em análise política e jornalismo investigativo. Marcos é reconhecido por suas reportagens incisivas e comprometidas com a verdade.