O cerco israelense a Gaza é “uma tragédia para o mundo”, afirma historiador

Michel Gherman, sociólogo e coordenador do Núcleo de Estudos Judaicos da UFRJ, argumenta que os interesses políticos internos de Israel são responsáveis…

3 min de leitura

(Imagem de reprodução da internet).

A ocupação completa de Gaza por Israel, sem um projeto definido para o futuro, representa uma “tragédia” para a região e para o mundo. A análise é do historiador Michel Gherman, professor de Sociologia e coordenador do Núcleo de Estudos Judaicos da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), em entrevista à CNN.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

De acordo com Gherman, desde o ataque do Hamas a Israel, em 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de mais de 1.200 indivíduos, a questão central sobre para quem Israel entregará Gaza após a ocupação permanece sem resposta por parte do governo israelense. “Essa é a grande questão, essa é a pergunta que não foi respondida”, declarou o professor.

Para Gherman, há apenas duas alternativas viáveis para o futuro de Gaza: a transferência do território para a ANP (Autoridade Nacional Palestina) ou a formação de um consórcio de países árabes para atuar no pós-guerra.

LEIA TAMBÉM!

O historiador explicou que o principal desafio do governo israelense, composto por uma direita extrema com forte ligação a visões messiânicas, reside na percepção de que a criação de um Estado palestino é um elemento essencial para a manutenção do atual cenário político.

Gherman, que também é pesquisador do Centro de Estudos do Antissemitismo da Universidade Hebraica de Jerusalém, avalia que a ausência de uma solução concreta tem levado ao adiamento contínuo da resposta e, consequentemente, à perpetuação do conflito. Ele descreve a estratégia israelense como uma sequência de etapas que adiam a conclusão da guerra.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Inicialmente, Israel comunicou uma vitória completa sobre o Hamas. Posteriormente, sugeriu a desarticulação do grupo. Em um terceiro momento, afirmou que faltava pouco para que o grupo fosse efetivamente derrotado e, atualmente, essa nova narrativa de ocupação total de Gaza, observou Gherman.

A indefinição acarreta consequências e intensifica a crise humanitária.

A ocupação israelense de Gaza é, nas palavras do historiador, “uma tragédia para Israel, para os palestinos e para o mundo como um todo em termos da pacificação daquela região”.

A manutenção do conflito, que Gherman define como um “fenômeno constante, eterno, que não pode acabar”, está relacionada a vários fatores internos de Israel.

O professor da UFRJ aponta que o governo israelense poderia cair caso a guerra terminasse.

O primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, está sendo processado e não tem clareza sobre o que fazer no pós-guerra. A única alternativa para o pós-guerra seria permitir que os palestinos dirigissem seu próprio futuro, o que não se encaixa na lógica política de Netanyahu, destacou.

Ademais, a crise humanitária em Gaza não é considerada por Gherman como uma consequência imprevista da guerra, mas sim como um projeto deliberado do governo de Israel. Ele afirma que essa situação “favorece o governo de Israel”.

Repercussão internacional e a posição da Alemanha

Na semana passada, a Alemanha suspendeu as exportações de equipamentos militares que poderiam ser utilizados na Faixa de Gaza. A decisão é uma reação ao plano israelense de ampliar as operações militares na região.

Segundo Michel Gherman, a declaração da Alemanha sobre o embargo de armas a Israel representa um ponto crucial.

Alterou-se a visão alemã das últimas décadas. Houve, inclusive, uma discussão acalorada entre o chanceler alemão [Friedrich Merz] e Netanyahu sobre o tema, na qual Netanyahu tentou utilizar o histórico da Alemanha para tentar dissociar o país dessa ideia, afirmou Gherman.

O historiador, contudo, ressalta que a situação internacional é marcada por contradições. Ele avalia que a atuação dos Estados Unidos, sob a liderança de Donald Trump, não indica progresso em direção a uma solução diplomática ou à criação de um Estado palestino.

O problema reside em Trump. Ele não demonstra intenção de mudar de rumo. Pelo contrário, sinaliza que utilizará tarifações, conflitos comerciais e ataques diplomáticos contra países que seguirem adiante, o que contribui para a manutenção da guerra em Gaza, concluiu.

Fonte por: CNN Brasil

Aqui no Clique Fatos, nossas notícias são escritas com a ajudinha de uma inteligência artificial super fofa! 🤖💖 Nós nos esforçamos para trazer informações legais e confiáveis, mas sempre vale a pena dar uma conferida em outras fontes também, tá? Obrigado por visitar a gente você é 10/10! 😊 Com carinho, Equipe Clique Fatos📰 (P.S.: Se encontrar algo estranho, pode nos avisar! Adoramos feedbacks fofinhos! 💌)

Sair da versão mobile