Com o lema “Quando o mundo fica em silêncio, nós zarpamos”, uma flotilha com ajuda humanitária e ativistas como Greta Thunberg partiu neste domingo de Barcelona para tentar “romper o cerco ilegal a Gaza”, segundo os organizadores.

Com bandeiras palestinas, cerca de 20 embarcações com centenas de pessoas a bordo zarparam do porto logo após as 15h30 locais (10h30 de Brasília).

Thunberg declarou em entrevista à AFPTV no sábado que as embarcações visam chegar a Gaza, fornecer assistência humanitária, anunciar a criação de um corredor e, posteriormente, transportar mais ajuda, com o objetivo de romper o bloqueio ilegal e desumano imposto por Israel.

A missão, denominada Global Sumud Flotilla, “é distinta das anteriores porque agora contamos com muito mais barcos, um número maior de pessoas e esta mobilização tem um caráter histórico”, afirmou a ativista de 22 anos.

A Global Sumud Flotilla (“sumud” significa “resiliência” em árabe) é definida em seu site como uma organização “independente” e “não afiliada a nenhum governo, nem partido político”.

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Adicionarão-se, em 4 de setembro, dezenas de embarcações suplementares provenientes da Tunísia e de outros portos do Mediterrâneo à formação naval. A iniciativa prevê demonstrações e “ações conjuntas” em 44 países, afirmou Thunberg.

Essa narrativa não tem relação com a missão que estamos por iniciar. A história aqui é sobre a Palestina e como as pessoas estão sendo deliberadamente privadas dos recursos mais elementares para sobreviver. A história aqui é como o mundo consegue permanecer em silêncio.

A missão conta com a participação de ativistas de diversas nações, artistas como o ator irlandês Liam Cunningham e políticos, incluindo a ex-prefeita de Barcelona Ada Colau.

A ocorrência da flotilha representa um fracasso do mundo em defender o direito internacional e o direito humanitário. É um período vergonhoso, vergonhoso na história do nosso mundo e deveríamos estar coletivamente envergonhados.

A deputada portuguesa de extrema esquerda Mariana Mortágua afirmou que compreende que se trata de uma missão legal sob o direito internacional, acompanhando a iniciativa.

Fome.

O Ministério das Relações Exteriores, José Manuel Albares, declarou no sábado que o governo da Espanha mobilizará toda a sua proteção diplomática e consular para os cidadãos que participarem da flotilha.

A nova iniciativa ocorreu após uma recente tentativa malsucedida de fornecer assistência a Gaza, que incluiu a participação de Thunberg. O veleiro “Madleen”, com 12 ativistas de França, Alemanha, Brasil, Turquia, Suécia, Espanha e Holanda a bordo, foi apreendido em 9 de junho pelas forças israelenses, 185 quilômetros a oeste da costa de Gaza. Em seguida, os ativistas foram deportados.

A Classificação Integrada de Fases da Segurança Alimentar (IPC, sigla em inglês), um organismo apoiado pela ONU, declarou na semana passada estado de fome na Faixa de Gaza, território devastado pela guerra, após seus especialistas alertarem que 500 mil pessoas enfrentam uma situação “catastrófica”.

Em 7 de outubro de 2023, o grupo islamista Hamas lançou um ataque a Israel, que deu origem à guerra, resultando na morte de 1.219 pessoas, na sua maioria civis, conforme levantado por uma contagem da AFP com base em dados oficiais.

Em Gaza, a ofensiva israelense ceifou mais de 63.400 vidas, na sua grande maioria civis, conforme dados do Ministério da Saúde do território palestino – governado pelo Hamas –, que são considerados confiáveis pela ONU.

Fonte por: Carta Capital