“Não fui o único a criticar as urnas”, disse Bolsonaro ao mencionar Flávio Dino

No depoimento à Suprema Corte nesta terça-feira (10), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reiterou sua defesa contra as acusações de tentativa de golpe de Estado e justificou suas críticas ao sistema eleitoral brasileiro, mencionando declarações prévias de outras autoridades, incluindo Flávio Dino, atual ministro do STF. Bolsonaro afirmou que a desconfiança em relação às urnas eletrônicas não é exclusiva dele e já foi expressa por figuras públicas de distintos espectros políticos.

Ele destacou, em particular, uma declaração de Dino após sua derrota nas eleições para o governo do Maranhão. “A questão da desconfiança, suspeita ou críticas duras não é algo privativo meu. Eu poderia citar vários nomes. Citaria apenas alguns aqui. O senhor Flávio Dino, em 2012, quando ele perdeu a eleição para o governo do Maranhão, disse: ‘Hoje eu tive a oportunidade de ser vítima de um processo que precisa ser aprimorado, ser melhor auditado, que é o sistema das urnas eletrônicas’. E depois: ‘O senhor acredita que houve fraude? Houve várias, várias modalidades’. Palavras do senhor Flávio Dino”, declarou Bolsonaro, confundindo a data do pleito. Dino, na verdade, foi derrotado por Roseana Sarney em 2010.

O ex-presidente declarou que sua defesa solicitou a exibição do vídeo contendo tal fala, porém o pedido foi rejeitado pelo relator do caso, o ministro Alexandre de Moraes.

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A defesa das críticas ao sistema eleitoral

Bolsonaro afirmou em seu depoimento que sempre agiu dentro dos limites constitucionais e reiterou que apenas expressou preocupações legítimas sobre a segurança do processo eleitoral. Ele declarou que as dúvidas sobre o sistema de votação foram levantadas por outros atores da política brasileira ao longo dos anos, e que sua intenção nunca foi disseminar desinformação, mas sim promover a transparência.

A defesa da possibilidade de questionar os resultados eleitorais pode ser fundamentada em diversos aspectos, ressaltou Bolsonaro, mencionando também declarações do presidente do PDT, Carlos Lupi, acerca da importância do voto em papel.

Investigação e acusação

Jair Bolsonaro é um dos oito acusados de compor o núcleo central da suposta tentativa de golpe para revert o resultado das eleições de 2022, conquistadas por Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A investigação apura uma trama para manter Bolsonaro no poder, mesmo após sua derrota nas urnas. Além dele, também serão ouvidos nesta semana outros ex-ministros e aliados do ex-presidente, como Anderson Torres, Augusto Heleno, Braga Netto, entre outros. O ex-presidente está inelegível até 2030 em razão de decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), devido a ataques considerados infundados ao sistema eleitoral durante o período de campanha.

Fonte por: Jovem Pan