Lula relaciona o título de honra à “resistência” do povo brasileiro
O presidente recebeu a homenagem da Universidade Paris 8, que já concedeu ao mesmo título Marilena Chauí; a esquerda francesa manifestou críticas à honraria.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou, em Paris, que o título de doutor honoris causa concedido pela Universidade Paris 8 é uma homenagem à capacidade de resistência do povo brasileiro.
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Luiz Inácio Lula da Silva se tornou o segundo brasileiro a receber a honraria da instituição. O primeiro foi o professor da USP, Marilena Chauó, também vinculada ao Partido dos Trabalhadores.
“Tenho convicção de que esta premiação é, sobretudo, uma homenagem à capacidade de resistência do povo brasileiro, e não algo que eu tenha realizado em meu país”, declarou Lula em seu discurso de agradecimento, que se estendeu por 31 minutos e 38 segundos.
Durante a cerimônia, o presidente afirmou que houve um “atraso educacional” histórico no Brasil, que teria sido solucionado por ele. Lula criticou a elite política e econômica que “impedeu o avanço do ensino superior” e mencionou a ampliação das universidades durante seus governos e os de Dilma Rousseff (PT).
Mencionou a instituição do Prouni, a reformulação do Fies, a criação de novas universidades federais e declarou que, durante sua gestão, foi o presidente que “mais fez por universidades” no Brasil.
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“Não sei se é motivo de orgulho ou de tristeza afirmar que fui o único presidente da história do Brasil sem diploma universitário — e sou o que mais fez cursos superiores no meu país”, declarou.
Lula também declarou intenções de estabelecer novas instituições, incluindo uma universidade destinada exclusivamente aos povos indígenas e outra focada no esporte. Citou a Unila (Universidade Federal da Integração Latino-Americana) e a Unilab (Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira) como representações de cooperação regional e de reparação histórica.
O presidente mencionou, em seu pronunciamento, a desigualdade social e racial no Brasil, a batalha contra o analfabetismo. Criticou a direita por se opor à educação e abordou o multilateralismo e a paz. Destacou os conflitos na Ucrânia e na Faixa de Gaza.
“Não é possível permanecer indiferente ao absurdo da guerra na Ucrânia e do genocídio do povo palestino em Gaza”, declarou Lula. Não citou a fonte de informações que utiliza para embasar a acusação de genocídio.
A homenagem a Lula recebeu críticas da publicação francesa Libération, principal jornal de esquerda do país.
Professores da instituição declararam que o título é “altamente contestável” devido à posição do presidente brasileiro em relação à guerra na Ucrânia.
Lula “relativizou o papel da Rússia como agressor” e se aproximou de regimes autoritários. Também foi criticada sua presença, em maio, no desfile militar na Praça Vermelha, em Moscou, ao lado de Vladimir Putin e Xi Jinping. A publicação afirma que “defender o multilateralismo ou a realpolitik não justifica tudo”. Ele foi criticado por sua proximidade com ditadores.
O jornal recordou que o Paris 8 se manifestou desde o início da guerra em favor da Ucrânia e indagou se não existiria outro personagem brasileiro “mais aceito” para receber a homenagem.
Fonte por: Poder 360
Autor(a):
Bianca Lemos
Ambientalista desde sempre, Bianca Lemos se dedica a reportagens que inspiram mudanças e conscientizam sobre as questões ambientais. Com uma abordagem sensível e dados bem fundamentados, seus textos chamam a atenção para a urgência do cuidado com o planeta.