Heleno afirma não ter autorizado a infiltração de agentes da Abin em campanhas eleitorais
Ex-ministro do GSI aplicou o direito ao silêncio e limitou-se a responder às questões apresentadas pelo seu advogado; ele é acusado de tentar cometer um golpe.

O ex-ministro do GSI, general Augusto Heleno , negou, na terça-feira (10.jun.2025), que tenha determinado a infiltração de agentes da <a href="https://cliquefatos.com.br/a-denominada-gabinete-do-odio-foi-uma-criacao-exclusiva-do-governo- bolsonaro -afirma-lula/”>Abin em campanhas eleitorais de 2022. Ele foi ouvido no STF na ação penal referente à tentativa de golpe de Estado em 2022.
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O general declarou ter pedido o acompanhamento da agência para evitar que atos violentos contra candidatos, como o ataque contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ocorrido em 2018, se repetissem.
Conversou com o Victor [Carneiro], que na época era o diretor interino da Abin, para que houvesse um acompanhamento das eleições presidenciais e se evitasse o que ocorreu com Bolsonaro na tentativa de homicídio em Juiz de Fora.
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A denúncia da PGR indica que Heleno agiu em conjunto com o ex-diretor-geral da Abin e deputado federal, Alexandre Ramagem (PL-RJ), para realizar o monitoramento de candidatos nas eleições de 2022, por meio do uso ilegal da estrutura do órgão.
Heleno era réu no processo e foi o único que exerceu o direito ao silêncio. Não respondeu às perguntas do ministro Alexandre de Moraes nem do procurador-geral da República, Paulo Gonet. Respondeu somente aos questionamentos de seu advogado, Matheus Milanez.
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Os réus não estão obrigados a responder a perguntas que possam produzir provas contra si mesmos. Contudo, devem comparecer às audiências.
O general também declarou, no depoimento, que o caderno em que anotava era de uso exclusivo e nunca foi compartilhado. O documento foi caracterizado na denúncia como uma “agenda golpista” e serviu como evidência das “diretrizes” para “disseminar ataques ao sistema eleitoral”.
O advogado afirmou que não foi possível encontrar a íntegra da agenda nos documentos do processo, e, por consequência, utilizou os trechos presentes na denúncia.
Heleno foi questionado se teria auxiliado na criação de um discurso de desinformação sobre as urnas eletrônicas para Bolsonaro. De acordo com a PGR, a fala do general em reunião ministerial de 5 de julho sobre “o momento de virar a mesa é agora” teria contribuído para uma “narrativa de fraudes” nos equipamentos.
O general rejeitou a acusação e afirmou que “não tinha tempo para realizar isso” e que as declarações foram utilizadas no sentido “literal” para “demandar uma ação imediata”.
Essas palavras são utilizadas quando necessitamos de ação imediata. Não se trata de algo que envolva aparelhos eletrônicos, é uma ideia transmitida na reunião ministerial e eu fiz questão de dizer que me preocupa a situação que estávamos vivendo politicamente e nós precisávamos agora antes que isso trouxesse maiores problemas para o sucesso das eleições.
O depoimento de Heleno encerrou às 12h30 e teve duração aproximada de 1h28min. A sessão foi retomada com o questionamento a Bolsonaro.
Acompanhe ao vivo:
Interrogatórios
A Primeira Turma do STF iniciou na segunda-feira (9.jun) o interrogatório dos réus no núcleo central do processo penal por tentativa de golpe de Estado. De acordo com o Ministério Público, os integrantes desse grupo teriam sido responsáveis por liderar as ações da organização criminosa que visavam impedir a posse de Lula.
Pertencem ao grupo:
Os interrogatórios serão concluídos até sexta-feira (13.jun). O primeiro a ser ouvido foi Mauro Cid, que fechou um acordo de colaboração com o STF. Os demais réus estão sendo interrogados em sequência, em ordem alfabética. A ordem foi estabelecida para que todos tenham conhecimento do que o delator declarou e, assim, possam exercer o amplo direito de defesa.
Todos os réus do núcleo estão obrigados a comparecer nos interrogatórios, mas podem permanecer em silêncio e responder a algumas ou nenhuma pergunta. O relator, ministro Alexandre de Moraes, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, e os advogados podem fazer perguntas. Se outros ministros da 1ª Turma comparecerem, também podem questionar os réus.
Após as audiências, os réus não precisam mais comparecer. A única pessoa do grupo que não irá até o plenário da 1ª Turma é o general Braga Netto, que está preso preventivamente no Rio de Janeiro desde dezembro. Ele participa por videoconferência.
Os interrogatórios são parte da fase instrutória do processo criminal – momento de coleta de provas. As testemunhas do Ministério Público e da defesa já prestaram depoimento e ainda podem ser produzidas provas documentais e periciais, caso sejam solicitadas pelas partes e autorizadas pelo relator, ministro Alexandre de Moraes.
Podem ser realizadas, eventualmente, investigações para esclarecer pontos relevantes durante a instrução. Só após essa fase a acusação e as defesas devem apresentar suas alegações finais e Moraes preparará o relatório final para o julgamento.
Os interrogatórios são transmitidos no canal do STF no YouTube e na TV Justiça ao vivo. O Poder360 também faz a transmissão no canal deste jornal digital no YouTube (inscreva-se e ative as notificações). No Brasil, o interrogatório de réus em ações penais é, por regra, um ato público. Embora a transmissão ao vivo não seja comum, o STF já permitiu acesso de jornalistas e do público em outros casos semelhantes.
Até a terça-feira passada (10 de junho), falaram Mauro Cid, Alexandre Ramagem, o Almir Garnier e o Anderson Torres.
Acompanhe os vídeos do depoimento dos réus perante o STF.
Leia reportagens sobre o depoimento de Mauro Cid:
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Fonte por: Poder 360
Autor(a):
Sofia Martins
Com uma carreira que começou como stylist, Sofia Martins traz uma perspectiva única para a cobertura de moda. Seus textos combinam análise de tendências, dicas práticas e reflexões sobre a relação entre estilo e sociedade contemporânea.