Paulo Sérgio Nogueira desmente envolvimento em “minuta do golpe” e em reunião sobre urnas; afirma que Bolsonaro não o pressionou.
O ex-ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, se desculpou com o ministro Alexandre de Moraes e assegurou não ter participado da elaboração da denominada “minuta do golpe”, que se tratava de um texto de um possível decreto para instituir estado de sítio ou de defesa, necessitando de aprovação do Congresso. Ele compareceu para prestar depoimento na 3ª Turma da Corte nesta terça-feira (10.jun.2025).
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Nogueira expressou arrependimento pelas declarações proferidas naquele momento. Moraes recordou as palavras do general em uma reunião ministerial de 2022, quando o então ministro declarou que o governo contava com a boa vontade do Tribunal Superior Eleitoral.
Nogueira negou envolvimento na “minuta do golpe”, afirmando que “nunca tratou nem pegou em minuta de golpe com os 3 comandantes. A gente tratava da GLO [Garantia da Lei e da Ordem] legitimamente”.
O general afirmou que não sofreu nenhuma pressão do então presidente Jair Bolsonaro (PL) para que incorporasse na reportagem das Forças Armadas a alegação de que seria possível fraudar as urnas eletrônicas.
Não ocorreu reunião, não entreguei o relatório para o presidente assinar. O presidente da República nunca me pressionou […]. O que mais me deixa de cabeça quente é saber pela denúncia, pelo inquérito que eu havia alterado esse relatório, disse.
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A versão foi igual à apresentada por Bolsonaro durante depoimento nesta 3ª feira (10.jun). “Eu pedia ao ministro da Defesa que fizesse um relatório o mais imparcial possível, colocando apenas o que não deixasse dúvidas. Meu relacionamento com qualquer ministro nunca foi de pressão ou autoritarismo, era uma relação bastante fraternal”, afirmou o ex-presidente.
A Primeira Turma do STF iniciou na segunda-feira (9.jun) o interrogatório dos réus no núcleo central do processo penal por tentativa de golpe de Estado. De acordo com o Ministério Público, os integrantes desse grupo teriam sido responsáveis por liderar as ações da organização criminosa que visavam impedir a posse de Lula.
Pertencem ao grupo:
O primeiro a ser ouvido foi Mauro Cid, que firmou um acordo de cooperação com o STF. Os demais réus foram interrogados em seguida, em ordem alfabética. Essa ordem foi estabelecida para que todos tivessem conhecimento do que o delator declarou e, assim, pudessem exercer o amplo direito de defesa.
Todos os réus do núcleo são obrigados a comparecer nos interrogatórios, mas podem permanecer em silêncio e responder a algumas ou nenhuma pergunta. O relator, ministro Alexandre de Moraes, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, e os advogados podem fazer perguntas. Se outros ministros da 1ª Turma comparecerem, também podem questionar os réus.
Após as audiências, os réus não precisam mais comparecer. A única pessoa do grupo que não participou até a 1ª Turma foi o general Braga Netto, que está preso preventivamente no Rio de Janeiro desde dezembro. Ele participou por videoconferência.
Os interrogatórios são parte da fase instrutória do processo criminal – momento de coleta de provas. As testemunhas do Ministério Público e da defesa já prestaram depoimento e ainda podem ser produzidas provas documentais e periciais, caso sejam solicitadas pelas partes e autorizadas pelo relator, ministro Alexandre de Moraes.
Podem ser realizadas, eventualmente, investigações adicionais para confirmar informações relevantes durante o processo. Somente após essa fase a acusação e a defesa devem apresentar suas alegações finais e Moraes elaborará o relatório final para o julgamento.
Os depoimentos das testemunhas são divulgados no canal do STF no YouTube e na TV Justiça ao vivo. O Poder360 também realiza a transmissão no canal deste jornal digital no YouTube (inscreva-se e ative as notificações). No Brasil, o interrogatório de réus em ações penais é, por regra, um ato público. Embora a transmissão ao vivo não seja comum, o STF já permitiu acesso de jornalistas e do público em outros casos semelhantes.
Acompanhe os vídeos do depoimento dos réus perante o STF.
Acompanhe notícias sobre o depoimento de Bolsonaro:
Leia reportagens sobre o depoimento de Mauro Cid:
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Fonte por: Poder 360
Autor(a):
Gabriel é economista e jornalista, trazendo análises claras sobre mercados financeiros, empreendedorismo e políticas econômicas. Sua habilidade de prever tendências e explicar dados complexos o torna referência para quem busca entender o mundo dos negócios.