Especialistas apontam “omissões” do BRICS em declaração final

Pesquisador da Harvard aponta lacunas no documento, incluindo a falta de referência ao ataque do Irã a Israel e à invasão da Rússia na Ucrânia.

06/07/2025 17:15

2 min de leitura

Especialistas apontam “omissões” do BRICS em declaração final
(Imagem de reprodução da internet).

A declaração final do Brics, grupo composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, tem gerado debates acerca de seu conteúdo e das posições assumidas pelos países membros.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Vitelo Brustolin, pesquisador de Harvard e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), analisou o documento e identificou diversas contradições e omissões relevantes.

De acordo com Brustolin, o texto critica os ataques contra o Irã, mas não aborda o ataque iraniano a Israel ocorrido no ano anterior. Adicionalmente, o documento menciona a defesa da soberania, contudo, não se refere à Ucrânia diante da invasão russa que persiste há mais de três anos.

Leia também:

Contradições e posicionamento brasileiro

O especialista ressaltou que o documento, com 126 tópicos, demonstra de forma evidente o posicionamento do Brasil ao ratificar a declaração. “Ficou muito claro o posicionamento do Brasil e dos países do Brics nessa declaração final”, afirmou Brustolin.

O pesquisador destacou que, entre os pontos polêmicos, o documento condena o terrorismo, porém não trata o financiamento do terrorismo internacional praticado pelo Irã, que apoia organizações como Hamas, Hezbollah e Jihad Islâmica na Palestina.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Brustolin também destacou que o texto demonstra preocupação com o conflito nuclear, sem mencionar as reiteradas ameaças de utilização de armas nucleares proferidas por Vladimir Putin.

Omissões e incongruências

Brustolin destacou outras omissões relevantes no documento. Por exemplo, o texto cita a situação no Sudão, mas não menciona que 90% do ouro sudanês é desviado para a Rússia em troca de armas, o que contribui para o conflito interno no país.

O especialista também chamou a atenção para que o documento menciona ataques à infraestrutura civil russa, mas não faz referência aos ataques realizados pela Rússia contra a infraestrutura civil ucraniana nos últimos três anos e quatro meses.

“Se considerarmos este documento completo, ele se tornará uma ferramenta de análise na academia por muito tempo, pois demonstra de forma clara a posição que o Brasil adotou no atual governo brasileiro”, concluiu Brustolin, ressaltando a importância do texto para compreender o posicionamento diplomático do país.

Fonte por: CNN Brasil

Autor(a):

Ambientalista desde sempre, Bianca Lemos se dedica a reportagens que inspiram mudanças e conscientizam sobre as questões ambientais. Com uma abordagem sensível e dados bem fundamentados, seus textos chamam a atenção para a urgência do cuidado com o planeta.