Despedida emocionante de Clara Charf, ícone da esquerda brasileira, aos 100 anos em São Paulo

Na noite de segunda-feira (3), amigos e admiradores se reuniram para o velório de Clara Charf, icônica ativista da esquerda brasileira, que faleceu aos 100 anos

03/11/2025 22:31

3 min de leitura

(Imagem de reprodução da internet).

Despedida de Clara Charf, militante da esquerda brasileira

Na noite desta segunda-feira (3), um grande número de pessoas se reuniu para o velório de Clara Charf, uma das principais ativistas da esquerda no Brasil, que faleceu aos 100 anos. A cerimônia ocorreu no Velório do Cemitério São Paulo, em São Paulo.

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Após a despedida, o corpo seguiu para o Crematório da Vila Alpina.

Viúva do guerrilheiro Carlos Marighella, Clara dedicou sua vida à defesa da democracia e do feminismo popular. Atuando no Partido Comunista Brasileiro e, posteriormente, na Ação Libertadora Nacional (ALN), ela enfrentou a ditadura militar no Brasil, sendo perseguida e presa.

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Após o assassinato de seu companheiro em 1969, Clara foi forçada ao exílio em Cuba e, ao retornar, participou ativamente do Partido dos Trabalhadores (PT) durante a redemocratização.

Reconhecimento e legado

Adriano Diogo, ex-militante da ALN e ex-presidente da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo, expressou sua admiração por Clara: “Conviver com a Clara é conviver com a história do Brasil. Eu tenho sorte de ter conhecido alguém que fez parte dessa história”.

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Ele a descreveu como “uma das figuras mais emblemáticas e importantes” que conheceu, destacando seu caráter e compromisso.

O ex-deputado recordou a candidatura de Clara a deputada estadual em 1982 pelo PT, quando obteve 20 mil votos, mas não foi eleita. Mesmo assim, ela continuou ativa em campanhas e manifestações, sendo reconhecida como uma das principais figuras da esquerda brasileira.

Homenagens e lembranças

José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, destacou Clara como “um exemplo de revolucionária, uma mulher que, desde jovem, optou pela luta, pelo socialismo e pela democracia”. Entre as homenagens, estavam coroas de flores enviadas pelo presidente Lula e pela primeira-dama Janja, que expressaram a perda de uma grande mulher e companheira de lutas.

Paulo Cannabrava Filho, jornalista e ex-guerrilheiro, ressaltou que Clara dedicou um século à luta pela democracia, mencionando sua parceria com Marighella. Ele também comentou sobre o movimento Mulheres pela Paz ao Redor do Mundo, que Clara coordenou no Brasil em 2005, promovendo a indicação de mil mulheres ao Prêmio Nobel da Paz.

Legado de coragem e determinação

A deputada federal e ex-prefeita de São Paulo, Luiza Erundina, descreveu Clara como um símbolo de coragem e determinação, ressaltando a importância de sua memória e fidelidade. Clara, filha de judeus, nasceu em Maceió (AL), após seus pais deixarem a Europa em busca de refúgio.

O jornalista Breno Altman, fundador de Opera Mundi, recordou sua amizade com Clara desde a infância, destacando-a como uma figura simbólica da resistência à ditadura militar. Ele a considerou uma das grandes mulheres da história brasileira, cuja lembrança perdurará por tudo o que ela representou ao longo do século 20 e início do século 21.

Autor(a):

Com uma carreira que começou como stylist, Sofia Martins traz uma perspectiva única para a cobertura de moda. Seus textos combinam análise de tendências, dicas práticas e reflexões sobre a relação entre estilo e sociedade contemporânea.