Deputado retorna e vê discussão entre parlamentares em vídeo de cosplay de pavão

A discussão entre Kim Kataguiri e Célia Xakriabá ocorreu em decorrência do voto na lei de licenciamento ambiental na madrugada da quinta-feira.

17/07/2025 11:23

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Deputado retorna e vê discussão entre parlamentares em vídeo de cosplay de pavão
(Imagem de reprodução da internet).

Os deputados Célia Xakriabá (PSOL-MG) e Kim Kataguiri (União-SP) trocaram ofensas na madrugada desta 5ª feira (17.jul.2025), na sessão plenária da Câmara, durante a votação das alterações no licenciamento ambiental. O projeto-base do PL (Projeto de Lei) 2159/2021 foi aprovado por 267 votos a 116.

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Ocorreu desordem entre parlamentares e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que solicitou a atuação da Polícia Legislativa. A confusão iniciou-se com reclamações de Kataguiri sobre as compensações por impacto ambiental, que alegou, sem comprovação, que os povos indígenas receberam tratores, gado e recursos financeiros durante a construção da Usina de Belo Monte.

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Acompanhe o vídeo com os principais pontos da discussão (6min47s).

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“Como se transforma tribo indígena em latifúndio ajuda a compensar impacto ambiental? Não ajuda, gente, isso é dinheiro indo para o bolso dessas pessoas”, afirmou Kataguiri. O deputado referiu-se por três vezes aos povos indígenas como “tribo”. O termo de uso recorrente é considerado inadequado por lideranças e ativistas indígenas por se referir a um pequeno grupo que tem origem em uma nação ou país e não possui autonomia ou organização própria, o que não se aplica aos povos indígenas.

Xakriabá, então, chamou Kataguiri de “pessoa estrangeira” e “deputado reborn”. “Essa pessoa deputada estrangeira, deputado reborn que acabou de falar, sequer tem o direito de falar sobre a questão indígena.” […]. O senhor não sabe da história, então o senhor fique quieto”, disse a deputada.

A congressista também o criticou pelo uso da expressão “tribo”. “O senhor não sabe falar. São povos indígenas, mais de 300 povos e diversidades. O senhor primeiro estude história”, declarou.

Em seguida, Kataguiri retomou a palavra e respondeu a Xakriabá: “Uma determinada deputada me chamou de deputado estrangeiro. Quero dizer aqui que estrangeiro não tem nada a ver com o pavão, que é um animal lá na Ásia. Não há relação com tribos indígenas do Brasil, mas algumas pessoas parecem gostar de fazer cosplay.”

O deputado Rodolfo Nogueira (PL-MS) acompanhou Kataguiri e se dirigiu a Xakriabá, que usava um cocar. “Já que o assunto é o pavão misterioso, nós queremos saber do licenciamento ambiental do pavão aqui presente. Se para abrir uma estrada, para abrir um empreendimento, é preciso de licenciamento, para abater um animal também precisa de licenciamento ambiental”, declarou.

A deputada solicitou direito de resposta, tendo sido mencionada, mesmo que de forma indireta. Contudo, após os argumentos de Nogueira, Motta autorizou Xakriabá a apresentar sua versão.

“Este foi o cocar sagrado do povo Fulni-ô”. E quem conhece o povo Fulni-ô sabe, afirmou. “As pessoas podem ter bancadas inteiras para defender seus interesses, mas atacar uma mulher indígena pelo que se veste? Eu não tenho problema de saber de onde eu venho. Não precisa me chamar de cosplay, porque isso é um racismo televisionado. Certamente, eu tomarei as medidas necessárias”, acrescentou, antes de ter o microfone cortado quando terminou o seu tempo.

Kataguiri e Xakriabá iniciaram uma discussão em paralelo à votação, e o caos estava se intensificando. Motta, então, solicitou a intervenção da Polícia Legislativa “para restabelecer a ordem” na sessão.

Fonte por: Poder 360

Fluente em quatro idiomas e com experiência em coberturas internacionais, Ricardo Tavares explora o impacto global dos principais acontecimentos. Ele já reportou diretamente de zonas de conflito e acompanha as relações diplomáticas de perto.