O militar figura no esquema criminoso de 2022 e encontra-se detido desde dezembro.
Walter Braga Netto (PL) reiterou o pedido ao ministro Alexandre de Moraes para sua soltura. O ex-ministro, candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PL) e preso desde dezembro de 2024, enfrenta a ação penal relacionada à tentativa de golpe de Estado.
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A acusação alega que a custódia não se justifica, visto que a etapa de instrução penal já se concluiu, “não existindo nenhum risco razoável a ela”. Além disso, argumenta que a decisão anterior de Moraes que indeferiu o pedido de liberdade não apresentava fundamentos sólidos para manter a prisão preventiva.
Em junho, um novo relatório enviado ao STF pela Polícia Federal agravou a situação do ex-ministro, preso por tentar obter informações referentes ao esquema de pagamento de propinas ao tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
O documento fundamenta-se nos dados encontrados no celular do coronel da reserva Flávio Botelho Peregrino, que atuou no Gabinete de Segurança Institucional, na Casa Civil e no Ministério da Defesa.
A Polícia Federal aponta, com base em dados, que os membros da organização criminosa agiram para obter o acesso ao conteúdo da delação de Cid, uma conclusão que sustenta outros elementos de prova na investigação da trama golpista.
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Pesquisadores detectaram, através do celular, a formação de um grupo no WhatsApp denominado “Eleições 2022”, no qual estavam inseridos Peregrino e Braga Netto.
As trocas de mensagens evidenciam que os membros da organização criminosa planejaram e realizaram diversas ações para desestabilizar o regime democrático, conforme apurado pela Polícia Federal.
Ademais, os dados indicam que eles atuaram na elaboração e na revisão do documento “bolsonaro min defesa 06.11- semifinal.docx”. Trata-se de um rascunho contendo alegações sobre supostas fraudes nas urnas, que seria encaminhado ao então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, com o propósito de influenciar a auditoria das Forças Armadas sobre o sistema de votação em 2022.
A Polícia Federal considera as trocas de mensagens como evidência do papel central de Braga Netto na execução de estratégias para minar a credibilidade do sistema eleitoral e da eleição de 2022.
A principal peça, dentro do alcance da organização criminosa, visava incitar seus adeptos a protestarem em frente a quartéis e instalações das Forças Armadas, buscando criar as condições favoráveis a um golpe de Estado.
Em 18 de novembro de 2022, Braga Netto acirrou o bolsonarismo em razão das pressões por um golpe de Estado. Diante do Palácio da Alvorada, declarou aos apoiadores: “Não percam a fé. É só o que eu posso falar agora”. Uma mulher relatou que o grupo estava “no sufoco”, sob chuva. O general respondeu: “Eu sei, senhora. Tem que dar um tempo, tá bom?”
Fonte por: Carta Capital
Autor(a):
Fluente em quatro idiomas e com experiência em coberturas internacionais, Ricardo Tavares explora o impacto global dos principais acontecimentos. Ele já reportou diretamente de zonas de conflito e acompanha as relações diplomáticas de perto.