Bolsonaro pediu desculpas a Moraes por acusações de fraude nas urnas: “Desabafo”

O depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é o ponto central na ação relacionada à trama golpista. Ele foi acusado de liderar o plano de golpe. Nesta terça-feira (10), ele se encontra com o ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF) para responder às questões do processo. […]

10/06/2025 18:25

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Bolsonaro pediu desculpas a Moraes por acusações de fraude nas urnas: “Desabafo”
(Imagem de reprodução da internet).

O depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é o ponto central da ação da trama golpista. Bolsonaro foi acusado de liderar o plano de golpe. Na terça-feira (10), ele se encontra com o ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF) para responder às questões do processo.

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O primeiro questionamento se referia às urnas eletrônicas. Moraes buscou saber “qual era concretamente o fundamento” do ex-presidente ao alegar fraudes nas eleições e nas urnas, e se os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estavam direcionando as eleições.

Bolsonaro declarou que essa sempre foi sua posição e que defende o voto impresso desde que foi deputado federal. “A questão da desconfiança, suspeita ou crítica às urnas não é algo exclusivo meu.”

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Em sua fala sobre a reunião ministerial de 5 de julho de 2022, onde expressou preocupações com a segurança do sistema de votação e solicitou que ministros tomassem medidas antes das eleições, o ex-presidente classificou o ocorrido como um “desabafo”.

Não havia evidências nesse sentido. Uma confissão minha, sem dúvida, justificou.

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Minha postura me levou a me expressar dessa forma. Essa reunião não deveria ter sido gravada. Era algo confidencial. Alguém gravou, em minha opinião, com má-fé. Essa foi a retórica que utilizei bastante enquanto deputado e depois como presidente, buscando o voto direto.

Lamentamos profundamente qualquer inconveniente causado.

O ex-presidente solicitou desculpas aos ministros Moraes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso, atual presidente do STF, por acusá-los de terem recebido entre 30 e 50 milhões de dólares para fraudar as eleições.

Bolsonaro proferiu as declarações na reunião ministerial de 5 de julho de 2022. Ao justificar suas falas nesta terça-feira, 10, o ex-presidente reduziu a importância do incidente.

Foi uma retórica. Se fossem outros três ocupantes (do Tribunal Superior Eleitoral) eu teria a mesma conduta. Me desculpe. Não tinha intenção.

Bolsonaro afirmou em outra ocasião que achava incômodo o encontro com Moraes.

Transmissão ao vivo sobre os sistemas eletrônicos de votação.

Em resposta à transmissão ao vivo de 29 de julho de 2021 no Palácio da Alvorada, que, conforme denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), sinaliza o início da trama golpista, Bolsonaro reiterou a alegação de fraude.

Acredito que, considerando o que estava ocorrendo, com as reclamações decorrentes das eleições, seria benéfico que algo fosse aprimorado para que não houvesse qualquer dúvida sobre o sistema eletrônico. Se não houvesse essa dúvida, com toda certeza estaríamos aqui hoje.

O ministro Moraes respondeu ao ex-presidente e manifestou-se em favor do sistema de votação: “Na realidade não há nenhuma dúvida sobre o sistema eletrônico”.

Reunião com embaixadores

Moraes também questionou a reunião convocada por Bolsonaro, então presidente, com embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada, em 18 de julho de 2022, para propagar informações falsas sobre o sistema de votação brasileiro e as urnas eletrônicas. As declarações do presidente foram divulgadas pela TV Brasil.

O ex-presidente justificou que a reunião com diplomatas é “uma política privativa do chefe do Executivo” e que pode ter “exagerado na forma, na entonação”, mas mantém o posicionamento. “A intenção minha não é desacreditar, sempre foi alertar.”

Bolsonaro foi condenado pelo TSE e considerado inelegível até 2030.

A população representa a principal chance para Bolsonaro defender seu ponto de vista. Ele poderá apresentar sua versão e tentar desacreditar o acusação do Procurador-Geral da República (PGR) e o depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, que atuou como assessor de ordens da Presidência e colaborou com a denúncia.

Em depoimento na segunda-feira, 8, Mauro Cid reiterou que Bolsonaro recebeu, leu e solicitou modificações em um esboço de plano golpista para anular o resultado das eleições e prender membros do STF e do Congresso.

Os réus estão sendo ouvidos em ordem alfabética. Bolsonaro é o penúltimo a depor. Depois dele, testemunhará o ex-ministro Walter Braga Netto, que será ouvido por videoconferência do Comando da 1ª Divisão de Exército, no Rio de Janeiro, onde permanece preso desde dezembro de 2024.

Ao chegar no STF, pela manhã, o ex-presidente declarou que faria uma exposição de várias horas e pretendeu apresentar vídeos na audiência. Contudo, Moraes não permitiu a exibição das gravações. Na sua decisão, o ministro argumentou que “não é o momento oportuno para a apresentação de novas provas”.

Estadão Conteúdo

Fonte por: Tribuna do Norte

Autor(a):

Apaixonada por cinema, música e literatura, Júlia Mendes é formada em Jornalismo pela Universidade Federal de São Paulo. Com uma década de experiência, ela já entrevistou artistas de renome e cobriu grandes festivais internacionais. Quando não está escrevendo, Júlia é vista em mostras de cinema ou explorando novas bandas independentes.