Bolsonaro desmente acusações de pressão a ex-ministro da Defesa em relação a relatório das urnas

Ex-presidente depoisa no STF nesta terça-feira (10.jun); Cid afirmou que ele desejava incluir no texto que fraude era possível.

10/06/2025 16:31

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Bolsonaro desmente acusações de pressão a ex-ministro da Defesa em relação a relatório das urnas
(Imagem de reprodução da internet).

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, na terça-feira (10.jun.2025), não ter exercido pressão sobre o general Paulo Sérgio Nogueira, então ministro da Defesa, para que este incluísse em um relatório a alegação de que seria possível fraudar as urnas eletrônicas.

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Declarou que solicitava ao ministro da Defesa a elaboração de um relatório o mais imparcial possível, apresentando apenas informações que não admitissem dúvidas. Seu relacionamento com qualquer ministro nunca envolveu pressão ou autoritarismo, caracterizando-se por uma relação bastante fraternal.

Nunca exerci pressão sobre nenhum ministro, em especial o general Paulo Sérgio, para que agisse de determinada maneira. O relatório foi elaborado com meu consentimento. Sempre me mantive alinhado à Constituição e rejeito qualquer versão que não esteja em conformidade com ela, afirmou Bolsonaro.

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Em novembro de 2022, o Ministério da Defesa encaminhou ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) um relatório produzido por especialistas das Forças Armadas, que não apontou evidências de irregularidades nas eleições presidenciais daquele período.

O documento, contudo, também não excluiu a possibilidade de fraudes ou irregularidades nas urnas eletrônicas.

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Em depoimento prestado, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, declarou que o então presidente solicitou ao general Paulo Sérgio Nogueira a inclusão no relatório da alegação de que seria possível fraudar as urnas.

Na realidade, ele [Bolsonaro] desejava que se afirmasse a existência de fraude. Então, foi elaborada uma construção, um debate, e o que foi finalizado foi que não era viável auditar. Resultou um acordo entre o que o presidente queria e o que o general fez com o trabalho técnico, afirmou Cid.

Transmissão ao vivo:

Interrogatórios

A Primeira Turma do STF iniciou na segunda-feira (9.jun) o interrogatório dos réus no núcleo central do processo penal por tentativa de golpe de Estado. De acordo com o Ministério Público, os integrantes desse grupo teriam sido responsáveis por liderar as ações da organização criminosa que visavam impedir a posse de Lula.

Pertencem ao grupo:

Os interrogatórios deverão ser concluídos até sexta-feira (13.jun). O primeiro a ser ouvido foi Mauro Cid, que formalizou um acordo de colaboração com o STF. Os demais réus estão sendo ouvidos em sequência, em ordem alfabética. A ordem foi estabelecida para que todos tenham conhecimento do que o delator declarou e, assim, possam exercer o amplo direito de defesa.

Todos os réus do núcleo estão obrigados a comparecer nos interrogatórios, mas podem permanecer em silêncio e responder a algumas ou nenhuma pergunta. O relator, ministro Alexandre de Moraes, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, e os advogados podem fazer perguntas. Se outros ministros da 1ª Turma comparecerem, também podem questionar os réus.

Após as audiências, os réus não precisam mais comparecer. A única pessoa do grupo que não irá até o plenário da 1ª Turma é o general Braga Netto, que está preso preventivamente no Rio de Janeiro desde dezembro. Ele participa por videoconferência.

Os interrogatórios são parte da fase instrutória do processo criminal – momento de coleta de provas. As testemunhas do lado da acusação e da defesa já prestaram depoimentos e ainda podem ser produzidas provas documentais e periciais, caso sejam solicitadas pelas partes e autorizadas pelo relator, ministro Alexandre de Moraes.

Podem ser realizadas, eventualmente, investigações adicionais para confirmar informações relevantes durante o processo. Só após essa fase a acusação e as defesas devem apresentar suas alegações finais e Moraes elaborará o relatório final para o julgamento.

Os depoimentos das testemunhas são divulgados no canal do STF no YouTube e na TV Justiça ao vivo. O Poder360 também realiza a transmissão no canal deste jornal digital no YouTube (inscreva-se e ative as notificações). No Brasil, o interrogatório de réus em ações penais é, por regra, um ato público. Embora a transmissão ao vivo não seja comum, o STF já permitiu acesso de jornalistas e do público em outros casos semelhantes.

Até a terça-feira passada (10 de junho), falaram Mauro Cid, Alexandre Ramagem, o Almir Garnier, Anderson Torres e general Heleno.

Acompanhe os vídeos dos depoimentos dos acusados no Supremo Tribunal Federal.

Leia reportagens sobre o depoimento de Mauro Cid:

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Fonte por: Poder 360

Ana Carolina é engenheira de software e jornalista especializada em tecnologia. Ela traduz conceitos complexos em conteúdos acessíveis e instigantes. Ana também cobre tendências em startups, inteligência artificial e segurança cibernética, unindo seu amor pela escrita e pelo mundo digital.