Analistas apontam que a Moody’s está aproximando a realidade e afastando a classificação de investimento

Agência de classificação de risco atualiza a avaliação do Brasil de “positiva” para “estável”, mencionando a piora das contas públicas.

31/05/2025 4h13

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(Imagem de reprodução da internet).

A alteração do rating de crédito do Brasil pela Moody’s reflete um cenário fiscal que tem gerado instabilidade no mercado, sem sinais de recuperação a curto prazo. É o que apontam especialistas consultados pela CNN nesta sexta-feira (30).

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Para o diretor-executivo da Monte Bravo, Alexandre Mathias, a empresa está “revisando” a classificação anterior, em um contexto de arrecadação em expansão, porém com gastos significativamente elevados.

Em maio do ano anterior, a Moody’s melhorou o outlook da nota de crédito do Brasil, argumentando que o crescimento econômico e o Produto Interno Bruto (PIB) apresentavam maior solidez em comparação com os dados registrados antes da pandemia de Covid-19.

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Em outubro, a expectativa foi reiterada, porém com a nota de crédito brasileira avançando de Ba2 para Ba1.

A agência anunciou nesta sexta-feira o rebaixamento da avaliação de risco de crédito do país de “positivo” para “estável”, destacando a deterioração das contas públicas. O Brasil mantém a nota Ba1, porém em um nível mais distante do grau de investimento.

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A alteração na visão para estabilidade reflete uma diminuição progressiva das chances de risco de crédito favoráveis, considerando uma deterioração significativa na capacidade de pagamento da dívida e um avanço mais lento do que o previsto no controle da rigidez orçamentária e na consolidação da confiança na política fiscal, conforme indicado no relatório assinado pela vice-presidente Samar Maziad e pela diretora administrativa Ariane Ortiz-Bollin.

A Moody’s integra o chamado “Big Three”, as três maiores agências de classificação de risco, ao lado da Fitch Rating e S&P.

O programa social de gás, anunciado pelo governo federal e com um custo estimado de R$ 3 bilhões, compromete a estabilidade fiscal.

Matthias continua a afirmar que o governo manterá a mesma estratégia econômica até a eleição, apesar de os programas assistenciais não tenham elevado a popularidade.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lançou novamente o Programa Agora Tem Especialistas, com investimento anual de R$ 2 bilhões.

A deterioração, no entanto, não foi mencionada apenas em relação às contas públicas, mas também às expectativas.

Gustavo Cruz, diretor-executivo da RB Investimentos, também observa uma desarticulação entre os Poderes ao avaliar a mudança de perspectiva da Moody’s.

A sua perspectiva é de que a trajetória do risco de vida brasileiro se deteriora continuamente, o que expõe um risco adicional para a dívida pública brasileira, que avançou 1,44% em abril e já superava a faixa de R$ 7,6 trilhões.

Ao contrário de Cruz, Saadia acredita que o Congresso deve resolver a questão, que já contaria com o apoio do Ministério da Fazenda.

“Não faz parte da competência do Ministério da Fazenda, faz parte do Congresso”, discorre Saadia.

É urgente a necessidade de aprovar uma reforma orçamentária que desindexe todos esses gastos obrigatórios e nos coloque em uma trajetória de dívida mais sustentável.

Por fim, José Maria da Silva, coordenador de estratégia e alocação da Avenue, acredita que, após a revisão da Moody’s, não há “hipótese alguma” que sugira a retomada do grau de investimento do país, como esperava Haddad.

As reformas de redução de gastos precisariam ser amplas para que as agências de risco avaliassem a possibilidade de retornar a investir no Brasil, afirma José Maria.

É importante também relembrar que para que o mercado considere investimento grade normalmente requer que pelo menos duas das três agências tenham essa classificação, aponta o especialista da Avenue.

Quando a Moody’s menciona a rigidez do gasto, está indicando que ou existem reformas estruturais que alterem essa rigidez, ou então a dívida pública permanecerá sempre vulnerável.

Fonte por: CNN Brasil

Fluente em quatro idiomas e com experiência em coberturas internacionais, Ricardo Tavares explora o impacto global dos principais acontecimentos. Ele já reportou diretamente de zonas de conflito e acompanha as relações diplomáticas de perto.