Acordo EUA-Austrália sobre terras raras indica negociações comerciais com Brasil

Fornecimento de minerais críticos se destaca nas negociações comerciais entre Brasília e Washington.

26/10/2025 11:15

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(Imagem de reprodução da internet).

Acordo entre EUA e Austrália sobre Minerais Críticos e Terras Raras

Um acordo entre os Estados Unidos e a Austrália, focado em minerais críticos e terras raras, é interpretado pelo setor privado como uma indicação do que pode ser discutido com o Brasil após a reunião entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump.

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O entendimento foi revelado pela Casa Branca na segunda-feira (20), após um encontro entre Trump e o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, em Washington. O acordo visa garantir o abastecimento de minerais críticos e terras raras, prevendo investimento e apoio tecnológico dos EUA para o desenvolvimento do setor na Austrália, incluindo a intenção de processar o minério bruto.

Esse aspecto é um dos principais pontos abordados por Lula, que tem enfatizado o desejo do Brasil de não ser apenas um exportador de commodities. “Queremos agregar valor em nosso território, com responsabilidade ambiental e respeito às comunidades locais”, declarou Lula na quinta-feira (23), antes da reunião com Trump.

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Interesse dos EUA em Negociações com o Brasil

O governo americano demonstrou interesse em discutir o fornecimento de minerais críticos e terras raras com o Brasil, embora o assunto ainda não tenha sido formalmente apresentado como uma demanda pela Casa Branca. O acordo entre os EUA e a Austrália inclui a seleção de projetos prioritários, fortalecimento de cadeias produtivas e um financiamento de US$ 1 bilhão para o desenvolvimento de jazidas.

Dois pontos do entendimento são especialmente relevantes para os americanos. O primeiro trata de mecanismos de preços, com compromissos para evitar práticas desleais. O segundo aborda a venda de ativos, onde os australianos se comprometem a impedir a transferência de jazidas essenciais por motivos de segurança nacional.

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Contexto Global e Implicações no Brasil

Embora os termos do acordo sejam vagos, eles surgem em um cenário de restrições da China à exportação de terras raras para os EUA, o que pode impactar a indústria americana. Atualmente, China, Brasil, Índia, Austrália e Rússia possuem as maiores reservas globais de terras raras, nessa ordem.

No Brasil, a venda dos ativos de níquel da Anglo American para a chinesa MMG (subsidiária da estatal China Minmetals) gerou debates. O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) iniciou uma investigação para apurar se houve ato de concentração que prejudica a concorrência no mercado.

O negócio, fechado por US$ 500 milhões, gerou controvérsia, pois a Corex Holding, ligada ao grupo turco Yildirim, alegou ter apresentado uma proposta superior de US$ 900 milhões. A empresa contesta a venda à MMG, argumentando risco de concentração de mercado e ameaça à segurança de suprimento para países ocidentais.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, se reunirá nesta semana com o secretário americano de Energia, Chris Wright, durante uma reunião setorial do G7 no Canadá.

Ana Carolina é engenheira de software e jornalista especializada em tecnologia. Ela traduz conceitos complexos em conteúdos acessíveis e instigantes. Ana também cobre tendências em startups, inteligência artificial e segurança cibernética, unindo seu amor pela escrita e pelo mundo digital.