A oposição consolidou acordo e assumiu o controle da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do INSS

O governo enfrentou uma derrota significativa no Congresso Nacional na quarta-feira, 20, um revés que também afeta os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). A oposição quebrou os acordos pré-estabelecidos com os chefes das Casas e articulou a substituição do presidente e do relator da CPMI do INSS durante a madrugada.

Motta e Alcolumbre determinaram que Omar Aziz (PSD-AM) e Ricardo Ayres (Republicanos-TO) ocupariam os cargos com a formalização do biênio. Em geral, a designação das comissões parlamentares de inquérito é protocolar, visto que os gestores indicam os nomes do presidente, dos vice-presidentes e do relator, e os presidentes da Câmara e do Senado definem os ocupantes efetivos.

Isto estava correto até as 11h30 desta quarta-feira. Omar Aziz já falava como presidente e chegou a afirmar que conduziria o plenário com altivez, responsabilidade e autonomia. Também houve discussão com o senador Eduardo Girão (Novo-CE), que o acusou de ser mentiroso e parcial, ao criticar o trabalho do amazonense na CPI da Covid, em 2021.

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Senadores e deputados governistas estavam na cabine de votação convencidos de que a eleição estava definida. Contudo, devido a “traições” e ausência de apoio, Aziz sofreu derrota e o senador Carlos Viana (Podemos-MG) assumiu a presidência.

Aziz expressou sua irritação, questionando a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) sobre sua ausência na comissão para registrar seu voto. A senadora, por sua vez, declarou ter votado. O senador Renan Calheiros (MDB-AL) foi apontado como membro da equipe de apoio ao governo.

O senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), que lidera o governo no Congresso, declarou que a derrota de Aziz não representa um revés para o governo. Indicou que, embora não possa determinar a pauta da Comissão Parlamentar de Inquérito – papel do presidente –, a base mantém a maioria no colegiado e seguirá conduzindo os trabalhos.

A queda do governo, triunfo do bolsonarismo.

Ao designar Carlos Viana como relator, Hugo Motta considerou a escolha um “golpe”, visto que Ricardo Ayres já havia sido anunciado para a função e exercia essa atribuição.

Os apoiadores de Bolsonaro celebraram a vitória. O líder da oposição na Câmara, Zucco (PL-RS), afirmou que Motta cometeu erro ao indicar um deputado que sequer havia assinado o requerimento para a instalação da CPI e que a eleição desta quarta envia uma mensagem ao presidente da Câmara de que a oposição bolsonarista pode ser organizada.

Marcel van Hattem (Novo-RS) atribuiu a derrota do governo à articulação do líder do PL na Câmara, o deputado Sôstenes Cavalcante (RJ). Segundo o gaúcho, Sôstenes telefonou, madrugada adentro, para todos os senadores e deputados da oposição — bolsonaristas e do Centrão — para tentar mudar os votos. A estratégia deu certo e Sôstenes se saiu como o grande vencedor do dia.

A oposição assumirá o comando da comissão responsável por examinar o esquema de fraudes no sistema previdenciário. Os valores desviados podem atingir 6,3 bilhões de reais, conforme apurado pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União.

A Comissão Parlamentar de Inquérito deve intensificar o conflito entre governo e oposição. O Palácio do Planalto acredita que a investigação poderá demonstrar que o esquema se desenvolveu durante o mandato de Jair Bolsonaro (PL), ao mesmo tempo em que a oposição busca prejudicar a imagem de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Fonte por: Carta Capital