Yamen Al-Najjar e sua mãe enfrentam deportação e desespero por tratamento médico em meio à guerra

Yamen Al-Najjar, de 16 anos, luta por tratamento médico em meio a dificuldades. Sua mãe, Haifa Al-Najjar, busca ajuda enquanto enfrentam a deportação iminente.

12/11/2025 22:32

5 min de leitura

(Imagem de reprodução da internet).

Yamen Al-Najjar e a Luta por Tratamento Médico

Yamen Al-Najjar relembra sua vida anterior, quando frequentava a escola e ria com frequência. Hoje, aos 16 anos, ele reside com sua mãe em um pequeno quarto de 6 metros quadrados, que mal comporta uma cama hospitalar da qual ele raramente se levanta. “A vida é difícil.

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Estou doente e com dor o tempo todo… Me sinto sozinho e sinto falta de casa”, desabafou à CNN.

Yamen, que sofre de um distúrbio hemorrágico, foi transferido de Gaza com sua mãe apenas dois dias antes do ataque de 7 de outubro de 2023. Sua condição é considerada rara, conforme afirmam sua mãe, Haifa Al-Najjar, e os médicos que tentam controlar seus sintomas, sem sucesso, mesmo em Jerusalém Oriental.

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Busca por Tratamento e Desesperança

Haifa tem se esforçado para conseguir a transferência de seu filho para um terceiro país nos últimos dois anos. Ela obteve a aprovação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para essa transferência, mas está há 14 meses à procura de um país que aceite Yamen para tratamento.

Na manhã de terça-feira (11), ela recebeu uma notícia devastadora: médicos do Hospital Makassed informaram que as autoridades israelenses decidiram deportar todos os pacientes de volta para casa na próxima semana, incluindo aqueles que estão em tratamento.

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“Todo meu trabalho duro vai desaparecer diante dos meus olhos. Não consigo entender como uma criança doente pode ser enviada de volta para uma área devastada pela catástrofe… Isso é uma sentença de morte para meu filho”, lamentou Haifa à CNN.

Deportação de Pacientes e Condições Críticas

Yamen e sua mãe estão entre pelo menos 89 pacientes de Gaza e seus acompanhantes que serão deportados, conforme informações das equipes médicas dos hospitais Makassed e Augusta Victoria em Jerusalém Oriental. Embora alguns pacientes tenham concordado em retornar, a maioria está sendo enviada contra sua vontade, já que não há tratamento disponível em Gaza, onde 94% dos hospitais foram danificados ou destruídos.

Os deportados incluem bebês nascidos de mulheres que foram levadas a Jerusalém para tratamento, e o paciente mais velho tem 85 anos. Salwa Massad, gerente de pesquisa da OMS, informou que a organização foi solicitada pelo exército israelense para facilitar a transferência dos pacientes na próxima semana.

A CNN tentou contato com o COGAT sobre a deportação, mas não obteve resposta.

Condições de Vida e Apelo por Ajuda

O pai, o irmão e as duas irmãs de Yamen estão em Gaza, deslocados em um acampamento de tendas após sua casa ter sido bombardeada. Ele não os vê há dois anos. Sua mãe afirmou que a condição de Yamen é tão grave que ele não sobreviveria em uma tenda por algumas horas sem tratamento médico. “Sua pressão arterial oscila, sua temperatura está sempre baixa, ele sangra o tempo todo e sofre com dores no corpo… Eu me recuso categoricamente a voltar para Gaza”, disse ela, emocionada.

A organização não-governamental israelense Médicos pelos Direitos Humanos Israel (PHRI) classificou a tentativa de retorno dos pacientes como “inaceitável do ponto de vista moral, médico e legal”, destacando que o sistema de saúde em Gaza não funciona.

Aseel Aburass, diretora do Departamento de Territórios Ocupados da PHRI, enfatizou que Israel tem a obrigação de garantir que os pacientes recebam os cuidados necessários.

Testemunhos de Pacientes em Risco

Ahmad Tibi, um parlamentar palestino-israelense, reforçou que a responsabilidade pelo bem-estar de Yamen é de Israel. “Enviá-los de volta nas condições atuais será um golpe mortal; em vez de morrer por um ataque aéreo, ele morrerá por falta de tratamento médico”, afirmou.

Nafez Al Qahwaji, de Khan Younis, que sofre de insuficiência renal, expressou seu desespero ao saber que seria deportado. “Por que querem me mandar para o inferno? Eu morrerei lá em dois dias”, desabafou. Nael Ezzeddine, de Jabalya, que está no Hospital Makassed há 25 meses, deseja retornar para estar com sua família, que vive em condições difíceis em Gaza.

Reflexões de Yamen e seu Desejo por Paz

Yamen, que se dedica à arte, expressa sua paixão por meio de ilustrações coloridas da natureza e da cultura palestina. Ele deseja “trazer cor de volta a um mundo que se tornou cinza”. “Sinto falta da minha casa, das vozes dos meus irmãos, da minha escola, das cores e do mar.

Espero que toda criança em Gaza viva como qualquer criança no mundo… Não quero que nenhuma criança fique doente ou com medo como eu”, concluiu.

Autor(a):

Apaixonada por cinema, música e literatura, Júlia Mendes é formada em Jornalismo pela Universidade Federal de São Paulo. Com uma década de experiência, ela já entrevistou artistas de renome e cobriu grandes festivais internacionais. Quando não está escrevendo, Júlia é vista em mostras de cinema ou explorando novas bandas independentes.