Wagner Ribeiro alerta: Falta de formação em clima compromete ensino sobre o clima

Wagner Ribeiro defende a necessidade de capacitação de professores e aponta críticas aos impactos de modelos energéticos dominados por grandes empresas.

08/10/2025 19:47

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(Imagem de reprodução da internet).

Geógrafo Aponta Falta de Formação como Obstáculo ao Ensino Ambiental

O geógrafo e professor da Universidade de São Paulo (USP), Wagner Ribeiro, criticou a ausência de formação específica para professores no que diz respeito ao ensino ambiental nas escolas brasileiras. A declaração foi feita em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, em apoio à 6ª Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente, evento que teve início nesta quarta-feira (8), com foco em políticas educacionais sobre biodiversidade e clima.

Ribeiro ressaltou que a distribuição de conteúdos relacionados a esses temas, como geografia e ciências, no ensino fundamental, frequentemente não é acompanhada da formação adequada dos educadores. A reforma implementada após a crise política do governo Temer, segundo ele, contribuiu para a ascensão de profissionais sem a devida qualificação para abordar essas questões de forma eficaz.

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O pesquisador defendeu que a capacitação dos professores é essencial para promover uma geração mais informada sobre os desafios ambientais contemporâneos. Ele enfatizou a importância de abordar esses temas com profundidade, reconhecendo a complexidade das questões relacionadas à sustentabilidade.

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Ribeiro também comentou a exploração de petróleo na Foz do Amazonas, defendendo alternativas energéticas menos prejudiciais, como a energia maré-motriz, solar e eólica. Ele alertou sobre os impactos negativos do modelo atual, que, segundo ele, exclui populações locais e causa sérios danos ambientais, configurando uma situação de “racismo ambiental”.

Ao discutir a expansão de data centers no Brasil, Ribeiro apontou que a promessa de sustentabilidade desses empreendimentos é frequentemente comprometida pelo alto consumo de água e pela fragilidade da legislação. Ele explicou que esses centros de dados são resfriados com água, e a evaporação dessa água representa um desperdício significativo.

Ribeiro também abordou a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em Belém (PA) em 2025. Ele defendeu a realização do evento na Amazônia e a popularização do debate climático no país. Um levantamento da Ipsos-Ipec indicou que a maioria dos brasileiros apoia a realização do evento em território nacional, porém, grande parte dos entrevistados se declarou “nada informada” sobre o tema.

Ribeiro concluiu que é fundamental promover discussões abertas e transparentes sobre as mudanças climáticas, reconhecendo a importância de abordar as dúvidas e incertezas que surgem nesse contexto. Ele citou o ativista Ailton Krenak, ressaltando a necessidade de aprender com os povos indígenas para evitar consequências graves.

Autor(a):

Ambientalista desde sempre, Bianca Lemos se dedica a reportagens que inspiram mudanças e conscientizam sobre as questões ambientais. Com uma abordagem sensível e dados bem fundamentados, seus textos chamam a atenção para a urgência do cuidado com o planeta.