Governo Entrega Certidões de Óbito Retificadas de Vítimas da Ditadura Militar
Em São Paulo, o governo federal realizou a entrega de 63 certidões de óbito retificadas de pessoas mortas ou desaparecidas durante a ditadura militar. A cerimônia, que ocorreu no Salão Nobre da Faculdade de Direito da USP, marca um passo importante na busca por justiça e reconhecimento das vítimas do regime autoritário.
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A iniciativa do MDHC (Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania), por meio da CEMDP (Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos), faz parte de um calendário de solenidades que se estenderá até dezembro. O objetivo é honrar a memória daqueles que perderam suas vidas ou desapareceram em circunstâncias controversas.
A ministra Macaé Evaristo, conselheiros da CEMDP, familiares, estudantes e professores da USP participaram do evento. Em seu discurso, a ministra destacou o caráter histórico do ato e a importância da preservação da memória e da democracia brasileira. “A entrega das certidões representa um direito tardio, conquistado pela luta persistente de sobreviventes e familiares. Dias como os de 1964 nunca mais podem se repetir”, afirmou a ministra.
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Entre os homenageados estão nomes emblemáticos da resistência, como Vladimir Herzog, Carlos Marighella e Rubens Paiva, além de outras 60 vítimas reconhecidas pela CEMDP. A lista inclui nomes como Alexander José Ibsen Voerões, Alexandre Vannucchi Leme, Ana Maria Nacinovic, Ana Rosa Kucinski Silva, André Grabois, Ângelo Arroyo, Antônio Benetazzo, Antônio dos Três Reis de Oliveira, Antônio Guilherme Ribeiro Ribas, Antônio Raymundo de Lucena, Aurora Maria Nascimento Furtado, Aylton Adalberto Mortati, Carlos Roberto Zanirato, Catarina Helena Abi-Eçab, Devanir José de Carvalho, Eduardo Collen Leite, Eremias Delizoicov, Feliciano Eugênio Neto, Flavio Carvalho Molina, Francisco Emanuel Penteado, Francisco Seiko Okama, Frederico Eduardo Mayr, Grenaldo de Jesus Silva, Helenira Resende de Souza Nazareth, Heleny Ferreira Telles Guariba, Hirohaki Torigoe, Iara Iavelberg, Issami Nakamura Okano, Izis Dias de Oliveira, Jaime Petit da Silva, João Antônio Santos Abi-Eçab, João Carlos Cavalcanti Reis, João Domingos da Silva, Joaquim Câmara Ferreira, José Maria Ferreira de Araújo, José Maximino de Andrade Netto, José Wilson Lessa Sabbag, Lauriberto José Reyes, Lúcio Petit da Silva, Luisa Augusta Garlippe, Luiz Eduardo da Rocha Merlino, Luiz Eurico Tejera Lisbôa, Luiz Fogaça Balboni, Manoel José Nurchis, Marco Antônio Dias Baptista, Maria Augusta Thomaz, Maria Lúcia Petit da Silva, Miguel Pereira dos Santos, Nestor Vera, Norberto Nehring, Onofre Pinto, Pedro Ventura Felipe de Araújo Poma, Ronaldo Mouth Queiroz, Rubens Beyrodt Paiva, Rui Osvaldo Aguiar Pfützenreuter, Ruy Carlos Vieira Berbert, Santo Dias da Silva, Sônia Maria de Moraes Angel Jones, Virgílio Gomes da Silva, Vladimir Herzog, Walter de Souza Ribeiro, Wilson Silva.
O evento teve um caráter simbólico, considerando que 47 das 434 vítimas reconhecidas pela Comissão Nacional da Verdade integravam a universidade. Familiares e autoridades reforçaram a importância da memória e da denúncia das violações cometidas durante o regime militar. Vera Paiva, filha de Rubens Paiva, e Maria Marighella, neta de Carlos Marighella, destacaram a necessidade de manter viva a lembrança da resistência. Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog, afirmou que a retificação das certidões encerra oficialmente as versões forjadas pelo regime militar.
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A cerimônia contou com a presença de políticos, advogados, representantes de movimentos sociais e instituições de memória, como Eduardo Suplicy, Paulo Vannuchi, Rose Nogueire e Gustavo Fiscarelli. A primeira entrega de certidões retificadas ocorreu em agosto, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, marcando o início de um processo que busca reparar oficialmente o sofrimento de famílias vítimas do autoritarismo militar brasileiro.
Reconhecimento e Memória
O ato na USP representa um passo crucial na busca por justiça e na preservação da memória das vítimas da ditadura militar brasileira.
