Violência no Rio de Janeiro: Tiros, medo e a urgência por políticas públicas eficazes

Rio de Janeiro vive um dia de caos com mais de sessenta mortes, ônibus incendiados e escolas paralisadas. A saúde mental da população e dos profissionais é severamente afetada

29/10/2025 13:25

4 min de leitura

(Imagem de reprodução da internet).

Violência no Rio de Janeiro: Um Retrato da Realidade

O Rio de Janeiro amanheceu ontem envolto em tiros, sirenes e um clima de medo. Mais de sessenta mortes foram registradas, com vias bloqueadas, ônibus incendiados e o transporte público interrompido. Escolas e unidades de saúde paralisadas marcaram um dia em que a cidade praticamente parou.

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Para os moradores das comunidades onde essas operações ocorrem, o medo é uma constante. Ele retorna periodicamente, evidenciando que a presença do Estado se manifesta mais por meio da força do que por políticas públicas efetivas. Como deputada e profissional da saúde, percebo que o que ocorreu vai além das estatísticas e manchetes, afetando a saúde mental e emocional de milhares.

Impactos na Saúde Mental e na Vida Cotidiana

Famílias inteiras se refugiam em suas casas, crianças aprendem a identificar o som de tiros antes mesmo de aprender a ler, e profissionais saem para trabalhar sem a certeza de retorno. As equipes de enfermagem, médicos e assistentes sociais continuam suas atividades, mesmo em meio ao caos, pois a vida das pessoas depende de seus esforços.

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Esses profissionais estão na linha de frente não apenas contra doenças, mas também contra o medo e o estresse. Além de cuidar da saúde física, eles enfrentam o impacto psicológico de atuar em áreas de risco, lidando com deslocamentos difíceis e a insegurança que permeia o caminho até as unidades de saúde.

A Necessidade de Políticas Públicas Eficazes

A saúde mental desses trabalhadores e da população em geral é constantemente prejudicada pela falha do Estado em garantir o direito de viver sem medo. O bem-estar biopsicossocial, essencial para a saúde integral, exige um equilíbrio entre corpo, mente e contexto social, que tem sido negligenciado.

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Como discutir saúde em uma comunidade que vive sob tensão constante? Quando os tiroteios interrompem atendimentos, o transporte não chega e as equipes de saúde não conseguem prestar assistência? O que ocorreu ontem é um reflexo de um modelo de ocupação que gera morte e adoecimento, sem oferecer soluções.

Ocupação com Vida e Oportunidades

Uma ocupação que promove vida implica a presença contínua do poder público, com escolas em funcionamento, postos de saúde adequados e oportunidades de lazer e moradia digna. É fundamental garantir políticas de prevenção à violência e promoção da saúde mental, abordando as causas e não apenas as consequências.

A ausência do Estado em suas funções básicas facilita o avanço da violência, afetando principalmente a população mais pobre e vulnerável. Quando a presença do poder público se limita à repressão, ele se torna um agente de adoecimento, em vez de um instrumento de cuidado.

Compromisso com a Vida e a Saúde

É necessário ocupar as comunidades com políticas públicas e serviços de qualidade, valorizando os profissionais que permanecem firmes diante da adversidade. O direito à saúde — física, mental e social — deve ser respeitado como um compromisso do Estado, não como uma promessa vazia.

O Rio de Janeiro não precisa de mais operações, mas sim de mais oportunidades. É preciso promover ocupações humanas, e, como profissional de saúde e deputada estadual, continuarei a defender uma ocupação que priorize a vida, pois cuidar é resistir.

Resistir, nesse contexto, é reafirmar o valor da vida em meio a uma política que muitas vezes ignora a dignidade humana.

Autor(a):

Com formação em Jornalismo e especialização em Saúde Pública, Lara Campos é a voz por trás de matérias que descomplicam temas médicos e promovem o bem-estar. Ela colabora com especialistas para garantir informações confiáveis e práticas para os leitores.