Veto de Lula a deputados causa desgaste estratégico
A decisão causou insatisfação entre parlamentares, porém a pressão da população e a proximidade das eleições influenciaram o resultado.

O Congresso enfrentou um revés na quarta-feira (16.jul.2025) com o veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao aumento do número de deputados. A proposta era que a Câmara Baixa aumentasse para 531 deputados em vez de 513. O petista possuía três alternativas: a sanção, o veto ou a omissão. Nesse último caso, o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), daria promulgação à norma.
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O veto incomodou parlamentares que teriam a chance de obter mais assentos para seus respectivos estados. Apoiadores da chapa do governo, contudo, afirmam que a rejeição ao Congresso foi estrategicamente definida. Conforme apurado pelo Poder360, o fator determinante foi a pressão da população, considerando que o incremento de 18 cadeiras na Câmara demandaria R$ 64,6 milhões por ano provenientes dos contribuintes.
Uma pesquisa Datafolha, divulgada em 17 de junho, indicou que 76% da população era contrária à proposta. O levantamento entrevistou 2.004 pessoas com 16 anos ou mais nos dias 10 e 11 de junho. A margem de erro é de 2 pontos percentuais.
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O veto presidencial não é definitivo. Será avaliado pelo Congresso Nacional, que pode optar pela sua manutenção ou pela sua rejeição. Deputados e senadores iniciarão recessão ao final desta semana, o que implica que a análise ocorrerá em agosto.
Reforma do IR
A proximidade das eleições de 2026 também foi apontada como justificativa para o veto ao aumento de parlamentares.
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Lula busca aprovar a isenção do IR para quem recebe até R$ 5.000 e impulsionar o discurso de “pobres contra ricos”, já em fase de campanha eleitoral.
A Comissão Especial sobre o Imposto de Renda da Câmara aprovou na quarta-feira (16.jul) o relatório do deputado Arthur Lira (PP-AL) sobre o texto.
A próxima etapa é a proposta ser votada na Câmara Baixa, o que também deve ocorrer em agosto. Assim, as alterações sobre o imposto de renda ainda não entrarão em vigor. O governo deseja que a reforma tenha efeito a partir de 2026 – ano das eleições.
A tensão entre o Legislativo e o Executivo aumentou significativamente nos últimos meses. A situação foi intensificada pela decisão na quarta-feira (16.jul) do ministro Alexandre de Moraes do STF de manter a taxa do IOF (Imposto de Operações Financeiras).
Apesar disso, integrantes de Lula estimam que ainda existem oportunidades para o diálogo entre os dois Poderes, sobretudo se os parlamentares apoiarem a isenção do IR.
Fonte por: Poder 360
Autor(a):
Ricardo Tavares
Fluente em quatro idiomas e com experiência em coberturas internacionais, Ricardo Tavares explora o impacto global dos principais acontecimentos. Ele já reportou diretamente de zonas de conflito e acompanha as relações diplomáticas de perto.