Venezuelanos Adiam Retorno ao País por Suspensão de Voos
Sol deixou a Venezuela há mais de 11 anos e planejava voltar para casa neste Natal. Após meses de organização, sua expectativa foi frustrada pela suspensão de voos devido ao aumento das tensões com os Estados Unidos. No final de novembro, a Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA) recomendou que as companhias aéreas tomassem precauções ao sobrevoar a Venezuela e o sul do Caribe.
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Essa recomendação resultou no cancelamento de diversos voos para a Venezuela, afetando muitos que desejavam passar as festas de fim de ano com a família. A FAA alertou as companhias a considerarem o espaço aéreo sobre e ao redor da Venezuela, levando a várias empresas a cancelarem voos até o final de dezembro.
Planos Frustrados e Expectativas Quebradas
Sol, que reside em Buenos Aires, tinha passagens para viajar no dia 16 de dezembro com seu marido e duas filhas. Apenas quatro dias antes da viagem, recebeu a confirmação do cancelamento dos voos pela Boliviana de Aviación. “O mais difícil foi para a minha filha mais velha, que estava muito animada”, relata Sol, que esperava que suas filhas reencontrassem a avó, que havia preparado a árvore de Natal para recebê-las.
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Outro venezuelano, que preferiu não se identificar, tinha passagens pela Gol e planejava retornar ao país pela primeira vez desde que emigrou em 2019. Ele havia comprado sua passagem em junho, com a intenção de reunir a família em Caracas.
Impacto da Instabilidade Política
A Gol foi uma das primeiras companhias a cancelar voos, seguida pelo Instituto Nacional de Aeronáutica Civil (INAC) da Venezuela, que revogou a concessão de voos de outras empresas. Sol já havia adiado uma viagem no final de 2024 devido à instabilidade política e protestos após as eleições presidenciais.
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Desde 2014, a conectividade aérea com a Venezuela tem diminuído, com apenas 105 voos semanais para 16 destinos antes das tensões recentes.
“Estamos sempre à beira do abismo”, afirma Sol, ressaltando a incerteza que permeia os planos de viagem. A instabilidade política tem sido um fator constante que afeta a vida dos venezuelanos.
Alternativas de Viagem e Desafios
Alessia Starita, de 76 anos, que se mudou para a Itália há mais de uma década, também enfrentou o cancelamento de sua viagem. Ela e o marido tinham passagens pela Air Europa para viajar no dia 30 de dezembro, mas a companhia suspendeu a rota. Alessia estava ansiosa para passar o Ano-Novo com seus irmãos em Caracas, mas a realidade os forçou a cancelar os planos.
Com a crise aérea, a fronteira com a Colômbia se tornou uma das poucas opções para os venezuelanos. No terminal de El Salitre, em Bogotá, muitos aguardavam para embarcar em ônibus rumo à Venezuela. Oscar Saúl Lozano Flores, que trabalha na Colômbia, planejava chegar à fronteira de Arauca e seguir para Táchira.
Esperança e Nostalgia
Zulema De La Rosa, que vive em Caquetá, também se preparava para a viagem, enquanto Kelsey González, residente em Cali, expressou sua vontade de retornar a Caracas, apesar das dificuldades. “Estamos com vontade de ir, queremos ir para a Venezuela agora”, disse Kelsey.
Enquanto isso, muitos venezuelanos que não conseguiram viajar enfrentam a tristeza da ilusão perdida. Embora tenham construído novas comunidades em outros países, a nostalgia pela Venezuela persiste. “Vivemos com a nostalgia da Venezuela, mas não podemos fazer nada; está fora da nossa vontade”, lamenta Alessia.
