“Vale Tudo”: psicóloga de Heleninha é incompetente? Terapias apontam dúvidas
A CNN solicitou pareceres de duas psicólogas, com especializações distintas, sobre se Ana, a terapeuta de Heleninha Roitman, poderia ter abordado o caso…

A novela “Vale Tudo” aprofunda o drama de Heleninha Roitman, interpretada por Paolla Oliveira, uma alcoólatra que enfrenta dificuldades no controle da doença. A psicóloga Ana (Arieta Corrêa) também se destaca na trama, sem obter avanços com sua paciente e sendo criticada pela mãe, Odete Roitman (Débora Bloch), que a acusou de ser “incompetente” por não solucionar o problema da filha.
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A primeira versão da novela, exibida em 1988, apresentava Heleninha (Renata Sorrah) com menos recaídas no álcool e a autora do remake, Manuela Dias, tem dado tons mais dramáticos ao novo texto e mostrado mais cenas das sessões de terapia da personagem. Contudo, questiona-se se a psicóloga da novela tem se mostrado eficaz como terapeuta de uma mulher alcoólatra.
A CNN buscou duas psicólogas da vida real para examinar o caso de Ana e determinar se existiam alternativas para auxiliar a paciente. Cláudia Melo, psicóloga especialista em vícios e diretora do CAPSi de São João de Meriti, no Rio de Janeiro, recorda que, na década de 1980, o alcoolismo recebia pouca atenção na mídia e que hoje é possível discutir um tema tão relevante.
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A terapeuta Ana adota uma postura acolhedora e respeitosa, algo fundamental no tratamento da dependência química. Na Terapia Cognitivo-Comportamental, abordagem amplamente utilizada nesses casos, o psicólogo auxilia a pessoa a identificar seus gatilhos, compreender pensamentos que reforçam o uso e desenvolver estratégias mais saudáveis para lidar com suas emoções. Trata-se de um trabalho de duração média a longa, que pode incluir a redução de danos, ou seja, buscar diminuir os prejuízos causados pelo uso, quando a abstinência imediata não é possível.
Cláudia afirma que essas críticas de Odete refletem um preconceito frequente: a expectativa de que a transformação ocorra rapidamente. Ela ressalta que o alcoolismo, contudo, é uma condição crônica, complexa, que não se resolve de maneira imediata.
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Todavia, é preciso ser realista: a família pode e deve avaliar se o profissional possui a postura e as ferramentas adequadas. Se identificar que não há avanços, que falta estratégia ou que o vínculo não está funcionando, buscar outro profissional é um direito e, por vezes, uma necessidade para que o tratamento flua melhor.
A psicóloga Aline Galdeano, que atua em políticas públicas e é especialista em saúde mental de mulheres, aponta que Ana já está no limite ético da atuação de uma terapeuta. A profissional acredita que a personagem poderia indicar outras formas de cuidado, sugerir acompanhamento médico, grupos de ajuda mútua, envolver a rede de apoio, mas não pode decidir a abstinência pelo paciente.
É fundamental na psicologia considerar o tempo do indivíduo, ao mesmo tempo em que se estabelecem os limites da relação terapêutica. A Ana não pode resolver os problemas da Heleninha, porém pode manter um espaço seguro para que, se desejado, ela encontre ali uma oportunidade real de transformação.
Aline também destaca que a profissional tem oferecido um espaço de escuta, acolhimento e até de confrontação, quando necessário. No entanto, ela lembra que, em casos como o de Heleninha, em que o paciente claramente enfrenta um alcoolismo grave, o atendimento individual com uma psicóloga seja apenas uma parte do tratamento.
Precisa-se de uma abordagem mais abrangente, acompanhamento médico, possivelmente psiquiátrico, grupos de apoio, suporte familiar. A Ana faz o possível, mas sozinha, ela suporta um fardo que deveria ser compartilhado por uma rede de cuidados. Além disso, como se trata de uma obra ficcional, algumas nuances são adaptadas para fins dramáticos.
A assistência oferecida por membros da família.
A reportagem indagou as duas profissionais sobre como a família Roitman poderia colaborar para auxiliar uma alcoolista e ambas concordam que o apoio familiar é fundamental para uma recuperação mais profunda. Cláudia acredita que é preciso reconhecer que a dependência não é questão de falta de caráter, mas uma doença que necessita de acompanhamento especializado.
A família pode colaborar evitando críticas excessivas, não facilitando o consumo (por exemplo, dando dinheiro) e buscando informação e apoio, inclusive participando de grupos voltados para familiares. O psicólogo, por sua vez, tem limites éticos. Ele não pode invadir a vida pessoal do paciente, impor a abstinência à força ou prometer resultados. Sua função é criar um espaço seguro, fortalecer o vínculo e trabalhar junto do paciente em pequenas metas possíveis.
Aline ressalta que a família Roitman necessita cessar de atribuir o comportamento de Heleninha como um “fracasso pessoal” ou uma “vergonha familiar”. Ela comenta que a alcoolista se encontra em um ambiente excessivamente crítico, com uma mãe que desqualifica suas dores e um contexto que normaliza a violência emocional.
O suporte familiar é importante, mas não significa assumir o controle. Trata-se de ouvir, estabelecer limites com carinho, buscar informações e, quando viável, integrar grupos de apoio para familiares. Sem essa base minimamente acolhedora, qualquer tratamento se torna mais complicado.
Claudia ressalta que pacientes alcoólicos frequentemente não possuem condições financeiras para arcar com uma terapia com um psicólogo, sendo que a rede pública oferece tratamentos gratuitos, com profissionais qualificados, como o Caps AD, que a pessoa pode acessar sem custo.
A nova edição da novela ressalta que ninguém necessita suportar tais dificuldades isoladamente: há suporte público, profissionais qualificados e famílias que, devidamente orientadas, podem constituir um dos maiores apoios na jornada de recuperação.
Paolla Oliveira reage após receber nota zero por “Vale Tudo”.
Fonte por: CNN Brasil
Autor(a):
Redação Clique Fatos
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