Com taxas de juros superiores a 400% ao ano, essa prática onera o orçamento e demanda uma transformação de hábitos para ser evitada.
De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio (CNC), mais de 70% dos brasileiros já utilizaram o crédito rotativo do cartão em algum momento. O estudo também revela que quase metade dos devedores destinam mais de 30% da renda para quitar dívidas no cartão.
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O crédito rotativo é ativado automaticamente quando o cliente efetua o pagamento mínimo da fatura. As taxas de juros excedem os 400% ao ano, conforme dados do Banco Central, e se destacam entre as mais elevadas do mundo.
Segundo Resende Neto, o perigo do rotativo reside na percepção equivocada de controle. O consumidor sente que está quitando a fatura, porém, está concordando com um empréstimo que possui uma das taxas mais elevadas do mercado, e o saldo da dívida aumenta rapidamente.
Ele afirma que muitos não identificam que já estão no rotativo. É preciso verificar se a fatura corrente inclui encargos, juros, tarifas ou qualquer menção a um valor mínimo a ser pago. Um indicativo de alerta é quando a próxima fatura já começa com um saldo remanescente.
A principal recomendação para quem já enfrentou essa situação é implementar a estratégia chamada de “avalancha”. O consumidor deve listar todas as dívidas e priorizar o pagamento daquelas com juros mais elevados. As demais são pagas com o valor mínimo até que a primeira seja quitada. O montante que antes era destinado à dívida mais cara é então direcionado para a próxima da lista.
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Uma alternativa é substituir o crédito rotativo por um empréstimo com taxas de juros mais baixas. Essa opção, conforme Resende Neto, só é viável se as prestações se encaixarem no orçamento e se houver um compromisso de interromper o uso do cartão durante o prazo do pagamento.
Ao negociar com o banco, é fundamental saber o valor máximo que pode ser pago mensalmente sem comprometer despesas essenciais. Informar-se sobre a taxa de juros aplicada, compreender as condições da oferta e guardar toda a documentação auxiliam na obtenção de um contrato mais vantajoso.
Resende Neto salienta que diversas pessoas firmam acordos sem considerar as implicações e terminam trocando uma dívida por outra ainda mais complexa de quitar.
Após deixar o rotativo, a atenção deve persistir. O especialista recomenda registrar todos os gastos, criar uma reserva de emergência e acompanhar a fatura semanalmente.
Ele afirma que o cartão pode ser um auxílio quando empregado com responsabilidade. O recomendado é utilizá-lo somente quando o valor da compra já estiver previsto no planejamento financeiro e assegurar o pagamento total da fatura até a data de vencimento.
O cartão de crédito não é solução para a falta de dinheiro nem ferramenta para compras por impulso. Utilizá-lo de forma consciente é o que evita cair no mesmo problema novamente.
Fonte por: Carta Capital
Autor(a):
Com formação em Jornalismo e especialização em Saúde Pública, Lara Campos é a voz por trás de matérias que descomplicam temas médicos e promovem o bem-estar. Ela colabora com especialistas para garantir informações confiáveis e práticas para os leitores.