Uso de psilocibina em sessão pode reduzir depressão por cinco anos

Pesquisa publicada na Psychedelic Science 2025 revela o efeito mais persistente observado com a substância. Leia no Poder360.

25/06/2025 21:05

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Uso de psilocibina em sessão pode reduzir depressão por cinco anos
(Imagem de reprodução da internet).

Cinco anos representaram o período de alívio dos sintomas de depressão relatado por pacientes que, em 2020, integraram um estudo clínico com psilocibina , a substância ativa dos cogumelos mágicos. O monitoramento dos participantes foi apresentado na Psychedelic Science Conference, maior congresso do mundo sobre psicodélicos, que transformou a cidade de Denver (EUA) em um centro de cientistas, ativistas, investidores, terapeutas e interessados.

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E validou, com dados, o que muitos já suspeitavam: a psilocibina possui, de fato, um potencial terapêutico significativo e persistente.

O estudo investigou pacientes com transtorno depressivo maior. Inicialmente, 24 voluntários receberam uma única dose da substância, juntamente com 11 horas de psicoterapia. Um mês posterior, 17 indivíduos informaram melhora dos sintomas, sendo 14 deles em remissão completa. Representou um avanço significativo em relação aos antidepressivos tradicionais, que exigem administração diária e nem sempre apresentam eficácia.

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Dez anos após o estudo, os pesquisadores retomaram o contato com 21 dos participantes originais. Aproximadamente 67% deles ainda apresentavam sinais de remissão. Outros relataram redução da ansiedade, aumento da funcionalidade e uma nova visão sobre a vida. Mesmo entre aqueles que experimentaram recaídas, muitos afirmaram que uma mudança significativa havia ocorrido e que essa mudança persistia. Um evento transformador havia ocorrido.

Não é só esse o estudo que vem apontando para a potência duradoura da psilocibina.

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Em 2023, a Compass Pathways, empresa que conduz o maior estudo clínico já realizado com a substância, divulgou resultados promissores. Uma única dose de 25 mg gerou efeitos terapêuticos duradouros por pelo menos 1 ano em pacientes com depressão resistente ao tratamento. Com mais de 200 participantes, o estudo evidenciou uma nova fronteira na saúde mental.

Os participantes relataram que a vivência alterou a forma como enfrentam a depressão, de maneira persistente, declarou Alan Davis, diretor do Centro de Pesquisa em Psicodélicos da Universidade Estadual de Ohio e coautor do estudo. Ele complementa que o grupo avaliado é limitado e não corresponde à totalidade. Contudo, os resultados são encorajadores. “É necessário continuar pesquisando com rigor”, afirmou.

A tendência de utilizar uma ou duas doses para casos graves, em vez de longos períodos de medicação, está se consolidando em laboratórios e discussões. A própria publicação original, na revista Jama Psychiatry, ressaltou: “A eficácia da psilocibina após uma ou poucas administrações representa uma vantagem substancial em relação aos antidepressivos mais comuns”.

A pesquisa sobre a psilocibina se expande para além do tratamento da depressão resistente. Um novo alvo é a depressão pós-parto. Estudos recentes indicam que a substância pode auxiliar mães recém-nascidas a se reconectarem emocionalmente, fortalecendo o vínculo com o bebê. A Cleveland Clinic, nos EUA, encontra-se na fase 2 de um ensaio clínico com o RE104, uma versão sintética da psilocibina. Os testes avaliam os efeitos físicos e psicológicos após uma dose única.

Em um mundo desiludido com promessas e diários esgotados, cogumelos que curam a dor da alma por cinco anos parecem um milagre. A ciência psicodélica ainda avança lentamente, repleta de protocolos, exames e revisões por pares. O céu pode ser colorido, mas os pés permanecem no chão.

Fonte por: Poder 360

Autor(a):

Ex-jogador de futebol profissional, Pedro Santana trocou os campos pela redação. Hoje, ele escreve análises detalhadas e bastidores de esportes, com um olhar único de quem já viveu o outro lado. Seus textos envolvem os leitores e criam discussões apaixonadas entre fãs.