Análise da Situação Geopolítica na Ucrânia

O presidente dos EUA, Donald Trump, declarou que diminuirá em semanas o período de 50 dias concedido ao presidente russo, Vladimir Putin, para que haja um cessar-fogo com a Ucrânia, para apenas “10 ou 12 dias”.

Será que um prazo menor faz alguma diferença, se, como afirma Trump, o líder russo já decidiu não fazer a paz?

A Ucrânia vivencia seu momento mais crítico na primeira linha de batalha desde o início da guerra. Até 3 de setembro – quando o prazo inicial de 50 dias expiraria – muitos dos progressos que Moscou pretendia alcançar provavelmente seriam realizados.

Considerando o andamento e a dimensão estratégica dos progressos realizados por Moscou nas últimas duas semanas, é provável que suas tropas se aproximem do cerco de cidades orientais como Pokrovsk e Kostiantynivka, além de Kupiansk, na região norte.

Essa ofensiva alteraria significativamente a dinâmica das operações no primeiro plano e aproximaria o objetivo de Putin de controlar a região de Donetsk. A operação também tornaria o cerco ao território entre o leste da Ucrânia e Kiev um desafio consideravelmente maior com a chegada do inverno.

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A Ucrânia estaria perdendo o controle de grande parte das cidades que utiliza para assegurar o leste e enfrentaria dificuldades para manter o domínio sobre Kramatorsk e Sloviansk.

A Pressão sobre Trump

As declarações de Trump foram bem recebidas em Kiev, onde Andriy Yermak, chefe de gabinete do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, afirmou que ele estava “firme e transmitindo uma mensagem clara de paz por meio da força”.

O presidente dos EUA já declarou que está encurtando o prazo dado a Putin, pois acredita que a resposta é óbvia. Putin respeita apenas o poder e essa mensagem é alta e clara, disse Yermak no X.

O que ocorrerá entre 10 e 12 dias é fundamental. Mais uma falha ou modificação no prazo de Trump seria um benefício para aqueles que questionam sua determinação em confrontar o Kremlin.

Contudo, a imposição de sanções secundárias, ou tarifas, que o presidente americano ameaçou, teria um impacto global significativo. Essas sanções visam punir a Índia e a China pelo comércio de petróleo e gás com a Rússia.

A Índia é aliada dos EUA, extremamente dependente da energia russa e autorizada a comprá-la por meio de diversos mecanismos complexos para evitar que sua demanda em outros mercados de energia causem os preços do petróleo dispararem, prejudicando também a economia americana.

A China é aliada da Rússia, ainda mais dependente da energia e inserida em uma relação econômica complexa, por vezes simbiótica, com os Estados Unidos, que frequentemente se aproxima de uma guerra comercial.

Se Trump sancionar alguma delas, isso prejudicará os Estados Unidos e o mercado global de energia, e implica que suas ações provavelmente foram mais significativas e agressivas do que as de seu antecessor, Joe Biden.

A pressão chinesa pode influenciar o comportamento de Moscou, contudo, Pequim também informou a diplomatas europeus que não pode se permitir perder a Rússia, visto que os EUA retornariam toda a sua atenção para a China.

A China pode considerar um Trump atenuado em vez de repensar sua estratégia geopolítica.

Assim, Moscou dispõe de duas semanas para convencer seus parceiros e clientes a continuarem adquirindo a energia de que necessitam.

A Ucrânia deve buscar preservar todas as posições factíveis, considerando um ataque russo intenso e bem-sucedido. O governo Trump precisa determinar se suas ameaças têm algum impacto.

Se não estiverem dispostos a impor e sustentar um grande terremoto econômico, eles devem encontrar uma saída convincente para que seus prazos e ameaças continuem a ter algum peso.

Fonte por: CNN Brasil