Reunião entre Trump e Lula em Consideração
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que concordou em se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na próxima semana durante discurso na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). A reunião, acordada em meio à crescente tensão entre os dois países, ocorreu após uma breve conversa nos bastidores da sede das Nações Unidas em Nova York.
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Trump tornou o combinado público ao final de seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas. O republicano afirmou que a conversa foi breve e que Lula “parecia ser um homem muito legal”, além de ter “gostado dele”. Ele destacou: “Mas tivemos por pelo menos 39 segundos uma química excelente, é um bom sinal.”
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, informou que a conversa será realizada por telefone ou videoconferência, devido ao conflito de agendas entre os presidentes. “Não será possível se encontrarem pessoalmente, mas eles vão conversar e estou muito feliz que isso tenha acontecido.”
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O Palácio do Planalto demonstra cautela com a situação, considerando a imprevisibilidade de Trump, assim como a experiência vivida pelo presidente da Ucrânia, Volodymir Zelensky, com o republicano. Os sinais de uma possível reaproximação entre os dois países surgem em um momento de retaliações da Casa Branca contra autoridades brasileiras e com a tarifação americana em curso.
Em meio a essas tensões, o Departamento do Tesouro aplicou a Lei Magnistisky contra a esposa do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, a advogada Viviane Barci, e holding que controla os bens da família. Além disso, vistos de autoridades brasileiras – incluindo Jorge Messias, advogado-geral da União – foram suspensos.
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Antes de elogiar Lula, Trump criticava a política interna brasileira, mencionando supostas afrontas à liberdades e ataques contra cidadãos americanos. “O Brasil enfrenta agora grandes tarifas em resposta aos seus esforços sem precedentes para interferir nos direitos e na liberdade dos nossos cidadãos americanos e de outros, com censura, repressão, instrumentalização, corrupção judicial e ataques a críticos políticos nos Estados Unidos”, afirmou o republicano.
Mauro Vieira argumenta que o presidente americano “é muito ocupado e não está muito bem informado” das informações. “Não sei se ele [Trump] encontrou os filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro pessoalmente… mas elas estão distorcidas de forma que Trump as recebe”, concluiu o ministro.
Vieira refere-se ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que há meses vive nos Estados Unidos. Desde sua aproximação com a Casa Branca, o deputado comemorou as tarifas e as sanções impostas a Moraes, na esperança de uma anistia que livre Jair Bolsonaro da cadeia por tentativa de golpe.
Eduardo disse que os elogios a Lula fazem parte das estratégias de negociação de Trump que, segundo ele, pressionou o brasileiro e se reposicionou com mais força na mesa de negociações.
A atuação de Eduardo em Washington contra o Estado brasileiro levou à abertura de um processo no Conselho de Ética da Câmara. O grupo acatou uma representação do PT (Partido dos Trabalhadores) contra o parlamentar por quebra de decoro – o que pode ter potencial de levar à cassação de seu mandato.
Também nesta terça-feira (23), o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), rejeitou o nome de Eduardo Bolsonaro para líder da minoria, alegando que ele não pode exercer o cargo fora do Brasil. A nomeação era uma tentativa da oposição de livrar Eduardo Bolsonaro das faltas no plenário. Sem essa estratégia, o acúmulo de faltas também pode significar o fim da sua legislatura.
