Trump deseja que empresas farmacêuticas aumentem os preços em outros países para diminuir os custos nos EUA
Em 2022, os Estados Unidos tiveram um custo de medicamentos quase três vezes superior ao de países com características comparáveis.

O presidente Donald Trump deseja que as empresas farmacêuticas diminuam seus preços nos Estados Unidos, e para tanto pretende pressioná-las a elevar os preços em outros países para compensar o efeito sobre seus resultados, declarou o Secretário do Comércio Howard Lutnick na sexta-feira (12).
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
O presidente afirmou aos produtores de medicamentos que eles não poderão comercializar no país se vendem em outros lugares por um preço inferior. “Parem de aceitar ofertas a um preço tão baixo”, declarou Lutnick na sexta-feira no programa “The Axios Show”.
As afirmações de Lutnick são as mais recentes de uma sequência de declarações da administração Trump buscando compelir as empresas farmacêuticas a diminuírem os preços dos remédios para os norte-americanos.
Leia também:

Deputado propõe extinção gradual do Bolsa Família para estimular a inclusão no mercado formal

A China inicia investigações sobre discriminação e práticas de dumping relacionadas a semicondutores dos EUA

Trump argumenta que a OTAN deveria impor tarifas de 50% a 100% sobre a China
O foco principal do presidente é garantir que as empresas farmacêuticas adotem o preço praticado nos Estados Unidos, que é o mesmo encontrado em países com características semelhantes, conhecido como “Preço da Nação Mais Favorizada“.
Os Estados Unidos têm afirmado que seus cidadãos arcam com custos significativamente maiores em comparação com pacientes em nações semelhantes. Em 2022, os americanos efetivamente pagaram cerca de três vezes mais por medicamentos quando comparados a indivíduos em países com características análogas.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Contudo, especialistas debatem a legitimidade da pretensão de Trump em definir preços de remédios em outros países ou obrigar empresas a venderem a valores específicos nos Estados Unidos. Tal iniciativa provavelmente geraria ações judiciais.
Preços de “Nação Mais Favorizada”
O governo Trump buscou implementar o sistema de preços de “Nação Mais Favorizada”, finalizando uma norma que permitia ao Medicare pagar um valor específico por 50 medicamentos utilizados em consultas médicas.
A iniciativa foi rapidamente interrompida judicialmente por questões processuais e, em seguida, revogada pela administração Biden.
Em maio, ele retomou o esforço com uma ordem executiva que exigia que os fabricantes de medicamentos oferecessem aos pacientes americanos o menor preço pago por um medicamento em um país análogo, sob pena de sofrerem represálias.
Ele criticou a União Europeia por obrigar as farmacêuticas a oferecerem seus produtos a preços reduzidos, afirmando: “O jogo acabou, desculpe”.
Decepcionado com os resultados das negociações seguintes entre a indústria e sua administração, Trump redigiu cartas no final de julho para 17 grandes empresários do setor farmacêutico.
Trump, nas cartas, solicitou que os fabricantes aumentassem os preços dos medicamentos de “Nação Mais Favorizada” a todos os pacientes do Medicaid e exigiu que as empresas asseguressem que Medicaid, Medicare e seguradoras privadas pagassem esses valores para todos os novos remédios.
Ele também incentivou as empresas farmacêuticas a comercializarem diretamente a determinados medicamentos aos consumidores, utilizando preços de “Nação Mais Favorizada”, o que excluiu outros membros da cadeia de abastecimento que poderiam inflacionar os custos.
A sua campanha de pressão ainda não gerou resultados expressivos nos Estados Unidos. Contudo, Trump mantém a promessa de aplicar tarifas sobre importações farmacêuticas, sobretudo em relação a medicamentos de marca mais dispendiosos.
Diversos especialistas do setor indicaram que é mais provável que as empresas farmacêuticas elevem os preços em outros países do que os diminuam nos Estados Unidos.
Em dezembro passado, a Eli Lilly comunicou que elevaria o preço do medicamento Mounjaro, destinado à perda de peso, no Reino Unido, com o objetivo de diminuir seus custos nos Estados Unidos.
A empresa afirmou em seu comunicado que essa renegociação pode ser complexa, implicando que os valores das medicações financiadas por governos e sistemas de saúde devem elevar-se em mercados avançados, como a Europa, a fim de serem diminuídos nos Estados Unidos.
A CNN se comunicou com a Comissão Europeia e a Pharmaceutical Research and Manufacturers of America, a principal associação comercial do setor, buscando suas opiniões.
A PhRMA já havia manifestado apoio a Trump por sua atuação na busca por remuneração adequada para seus medicamentos. Os pacientes nos Estados Unidos não deveriam suportar os custos da inovação internacional.
Ademais, ressaltou que obrigar as empresas farmacêuticas a venderem seus produtos aos preços da “Nação Mais Favorizada” nos Estados Unidos comprometeria o investimento em pesquisa.</
Fonte por: CNN Brasil
Autor(a):
Marcos Oliveira
Marcos Oliveira é um veterano na cobertura política, com mais de 15 anos de atuação em veículos renomados. Formado pela Universidade de Brasília, ele se especializou em análise política e jornalismo investigativo. Marcos é reconhecido por suas reportagens incisivas e comprometidas com a verdade.