Trump amplia o período de tempo para negociações após compromisso de 200 acordos

Presidente dos EUA adiou as “tarifas de liberação” para agosto, enquanto negociações com a UE se aproximam do encerramento; até agora, foram anunciados …

09/07/2025 14:02

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Trump amplia o período de tempo para negociações após compromisso de 200 acordos
(Imagem de reprodução da internet).

Ao completar seus primeiros 100 dias no cargo, em abril, o presidente Donald Trump afirmou ter finalizado acordos comerciais com 200 países. Posteriormente, Trump anunciou apenas três desses negócios – com China, Reino Unido e Vietnã.

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A quarta-feira, 9, representou o prazo de três meses que o republicano havia definido como o último momento para que todos os países alcançassem um acordo ou sofressem tarifas “recíprocas” mais elevadas.

O presidente dos EUA reconheceu publicamente que suspender essas “tarifas de liberação” até 9 de julho proporcionou tempo insuficiente para negociar com praticamente todos os países do mundo.

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Trump inicialmente esperava finalizar mais acordos comerciais até quarta-feira (9), mas nas últimas semanas foi convencido de que não podem ser fechados mais rapidamente, informou a CNN, citando fontes próximas ao assunto.

É por isso que sua retórica pública mudou nas últimas semanas para indicar que enviaria cartas estabelecendo tarifas mais altas aos parceiros comerciais dos EUA, obtendo efetivamente resultados enquanto as negociações continuam.

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Assim, o republicano decidiu postergar o prazo para 1º de agosto, concedendo aos países próximos de um acordo um tempo adicional para negociações – em especial a União Europeia, que está prestes a anunciar um acordo comercial com os Estados Unidos.

Os negociadores comerciais da UE e dos EUA estão próximos de um acordo que estabeleceria tarifas de 10% e definiria os parâmetros para futuras discussões comerciais, de acordo com três fontes conhecidas do assunto.

O avanço nas negociações com os europeus, sobretudo, representou uma avaliação crucial para prorrogar a data além do dia 9 de julho.

O secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, indicou que as negociações com a UE e outras negociações importantes estavam em suas fases finais, buscando obter mais tempo.

Trump ainda precisa ratificar qualquer acordo final e as negociações entre as partes seguem em curso, porém as autoridades afirmaram que o acordo será divulgado antes do término da semana.

Olof Gill, porta-voz de comércio da Comissão Europeia, confirmou na quarta-feira (9) que os negociadores comerciais da UE estão em discussões ativas com o Secretário de Comércio, Howard Lutnick, e o Representante de Comércio dos EUA, Jaimeson Greer, e que um acordo deve ser anunciado nos próximos dias.

O avanço representa uma transformação significativa na postura pública de Trump em relação à União Europeia, uma perspectiva que sustentou meses de negociações comerciais infrutíferas e inviáveis neste ano.

O tom do presidente americano – e nos bastidores, o teor e o ritmo das negociações – mudou dramaticamente nas semanas desde que ele ameaçou tarifas de 50% sobre a UE em uma postagem nas redes sociais em maio.

Essa ameaça repentina e grave desencadeou uma reação imediata da UE e preparou o cenário para um esforço urgente de alcançar alguma espécie de acordo antes que as tarifas “recíprocas” de Trump fossem implementadas.

A Comissão Europeia comunicou aos Estados-Membros sobre a estrutura e o processo de negociação proposto, segundo um dos seus funcionários, adiantando que, apesar dos interesses frequentemente distintos das nações do bloco, o acordo foi apresentado como a melhor e provável única forma de evitar uma escalada dramática nas tarifas em 1 de agosto.

Os negociadores de Trump mantiveram uma posição inflexível em relação à iniciativa da UE de conceder isenções tarifárias a setores já existentes ou que poderiam ser criados, conforme declarado pelas autoridades. Por exemplo, a tentativa de reduzir a tarifa de 25% imposta por Trump sobre automóveis é um ponto central das negociações em fase final, assim como a busca para diminuir as tarifas de 50% aplicadas ao aço.

Os negociadores dos Estados Unidos demonstraram abertura para avaliar setores-chave da União Europeia para eventuais cortes tarifários, contudo, isso dependeria da ratificação definitiva de Trump, informaram fontes oficiais.

As autoridades europeias também se comprometeram a elevar consideravelmente as aquisições de produtos dos setores de energia e defesa dos Estados Unidos.

Trump demonstrou frustração com a ausência de avanços nas negociações comerciais. Em uma reunião com ministros na terça-feira (8), ele afirmou que suas medidas tarifárias alcançaram resultados positivos com os parceiros comerciais presentes, porém os acordos propostos por outros países aos Estados Unidos são inaceitáveis.

“Eles dizem… “Ninguém paga nenhuma tarifa, e você terá acesso total”, e nós não gostamos desse acordo”, disse Trump. “Não somos linha dura, mas já é hora de os Estados Unidos da América começarem a cobrar dinheiro de países que estavam nos roubando – nos roubando – e rindo das nossas costas de como éramos estúpidos.”

O presidente Trump anunciou recentemente diversas cartas com a imposição de novas tarifas, incluindo valores de 25% sobre importações do Japão e da Coreia do Sul. Outras cartas foram publicadas na quarta-feira (9).

A Índia tem sido há muito tempo considerada o principal parceiro com maior probabilidade de assinar um acordo-quadro com os EUA. No entanto, os negociadores comerciais indianos fortaleceram suas posições nos últimos dias, de acordo com autoridades americanas.

A Índia também é membro do grupo BRICS, portanto não está claro o que significa a ameaça de Trump de domingo (6) de impor tarifas de 10% sobre os países do BRICS para as negociações comerciais.

A Coreia do Sul também era considerada provável de atingir um acordo, ainda que as tarifas automotivas de Trump constituíssem um ponto central nessas negociações, e a carta de Trump na segunda-feira (7) pode ter afetado esse processo.

O Japão se afastou gradualmente nas últimas semanas, e Trump lançou dúvidas consideráveis sobre as negociações que antes pareciam indicar um acordo concreto.

Nos últimos dias, os negociadores comerciais japoneses têm transmitido mensagens muito mais pessimistas em suas declarações públicas, após anteriormente buscarem estabelecer as bases de um anúncio até a cúpula do G7 do mês passado.

O primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, afirmou na terça-feira (8) que, apesar das “discussões sérias e sinceras”, o Japão não conseguiu chegar a um acordo, segundo declarações traduzidas pela CNN. “Lamentamos profundamente que o governo dos EUA tenha imposto tarifas adicionais e anunciado planos para aumentar as alíquotas tarifárias”, disse Ishiba.

Indonésia, Camboja e Tailândia apresentaram ofertas significativas às suas contrapartes americanas nas últimas duas semanas, em um esforço para se posicionarem à frente na fila por um acordo e são prováveis candidatos para qualquer acordo de curto prazo nos próximos dias, disseram autoridades americanas.

O Brasil aumentou seus esforços para assegurar um acordo, com conversas bilaterais no final da semana passada visando ampliar uma oferta de reduzir significativamente as tarifas sobre determinados produtos americanos, informaram autoridades da administração.

A principal divergência entre as equipes comerciais estrangeiras reside na incerteza sobre o que suas contrapartes americanas almejam em relação a qualquer acordo final.

O principal entrave nas negociações mais amplas tem sido a existência – ou a promessa de imposição – das tarifas setoriais de Trump sobre automóveis, aço e produtos farmacêuticos, afirmaram autoridades americanas.

As políticas de Trump baseadas em trocas não são o que aparentam.

Fonte por: CNN Brasil

Marcos Oliveira é um veterano na cobertura política, com mais de 15 anos de atuação em veículos renomados. Formado pela Universidade de Brasília, ele se especializou em análise política e jornalismo investigativo. Marcos é reconhecido por suas reportagens incisivas e comprometidas com a verdade.