Os confrontos entre Tailândia e Camboja resultaram em 33 mortos, de ambos os lados da fronteira, conforme informado por balanços divulgados neste sábado, 26, pelos dois países do sudeste asiático, mesmo com o anúncio de um cessar-fogo pelas autoridades cambojanas.
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Um conflito territorial de longa duração culminou na quinta-feira, 24, em combates intensos que envolveram aeronaves de combate, artilharia, tanques e infantaria, gerando preocupação internacional e levando a Assembleia da ONU, por meio do Conselho de Segurança, a realizar uma reunião de emergência na sexta-feira, 25.
O Ministério da Defesa do Camboja comunicou, no sábado, que os combates resultaram em 13 mortos – oito civis e cinco militares – e 71 feridos.
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No território tailandês, as forças armadas relataram 20 vítimas fatais, incluindo seis militares.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou neste sábado que Tailândia e Camboja chegaram a um acordo para se reunirem e buscar um cessar-fogo.
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O presidente escreveu em sua rede Truth Social que os dois países aceitaram se reunir imediatamente e chegar rapidamente a um acordo de cessar-fogo, após conversar com ambos os líderes.
Disparaos de artilharia
As partes informaram confrontos por volta das 5h00, horário local (19h de sexta-feira em Brasília), e o Camboja acusou as tropas tailandesas de terem lançado “cinco projéteis de artilharia pesada” contra a província de Pursat, na fronteira com a Tailândia.
Jornalistas da AFP, em Samraong, Camboja, próximo às colinas arborizadas na fronteira, registraram o ruído de artilharia na tarde de sábado.
Os confrontos resultaram na evacuação de mais de 138 mil pessoas em áreas da fronteira tailandesa e mais de 35 mil no Camboja.
“As relações sempre foram boas, éramos como irmãos”, declarou Sai Boonrod, de 56 anos, um dos centenas de tailandeses que buscaram abrigo em um templo na região leste de Kanthararom após abandonarem sua comunidade.
“Só quero que os confrontos cessem para que possamos retornar como irmãos”, declarou a AFP.
O Camboja solicitou um cessar-fogo imediato e sem condições na reunião fechada do Conselho de Segurança da ONU em Nova York.
Também solicitamos uma solução pacífica para o conflito, declarou o embaixador cambojano junto às Nações Unidas, Chhea Keo, após o encontro.
A ameaça de conflito armado persiste.
O ministro das Relações Exteriores da Tailândia, Maris Sangiampongsa, afirmou que, para que haja negociações sobre um cessar-fogo, o Camboja deveria exibir uma “sinceridade genuína em sua vontade de encerrar o conflito”.
O chanceler declarou que solicitava ao Camboja que interrompesse as violações da soberania tailandesa e retomasse a discussão por meio do diálogo bilateral.
Recentemente, um representante governamental declarou que a Tailândia estava disposta ao diálogo com o Camboja, possivelmente com a mediação da Malásia, que preside atualmente a Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), grupo ao qual ambos os países pertencem.
O primeiro-ministro interino da Tailândia, Phumtham Wechayachai, alertou na sexta-feira que “se a situação se deteriorar, poderá evoluir para uma guerra”.
A Tailândia alega que o Camboja iniciou as hostilidades, atacando instalações civis, como um hospital e um posto de gasolina com um míssil.
As forças tailandesas empregaram bombas de fragmentação, de acordo com o Camboja.
Na ONU, o representante do Camboja questionou a alegação da Tailândia de que seu país, com menor território e desenvolvimento militar, deu início aos conflitos.
Escalada do conflito
Esses encontros marcam uma intensa escalada em uma antiga rivalidade entre esses dois países vizinhos, que dividem 800 quilômetros de fronteira e recebem milhões de turistas internacionais anualmente.
Em Samraong, Camboja, a 20 km da fronteira, jornalistas da AFP observaram famílias inteiras escapando com crianças, transportando seus bens no início dos confrontos.
A disputa por dezenas de quilômetros nessa fronteira, marcada por antigos templos, persistiu. Entre 2008 e 2011, ocorreram confrontos que resultaram em 28 mortos e dezenas de milhares de deslocamentos.
A decisão favorável ao Camboja perante a Corte Internacional de Justiça da ONU em 2013 pôs fim à crise que durava mais de uma década, contudo, a tensão se reavivou em maio com o falecimento de um militar cambojano em um incidente de disparos na área de fronteira contestada.
Fonte por: Carta Capital