Sean Gardner atuou na equipe americana de ginástica.
O cenário da ginástica americana mal se recuperava de um grave escândalo de abuso sexual quando, em 2018, um jovem treinador promissor se transferiu do Mississippi para o Iowa para trabalhar em uma academia de elite reconhecida por formar campeões olímpicos.
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Liang “Chow” Qiao, dono do Chow’s Gymnastics and Dance Institute em West Des Moines, via Sean Gardner como um profissional tão capaz que o nomeou responsável pelo principal evento juvenil do clube e também como treinador de algumas das ginastas mais promissoras.
A USA Gymnastics, organização abalada pela crise de abuso sexual de Larry Nassar que resultou na criação do US Center for SafeSport, havia sido informada pelo grupo de vigilância que Gardner estava suspenso de todo contato com ginastas.
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A razão pela qual Gardner foi desligado não foi esclarecida. No entanto, documentos judiciais obtidos exclusivamente pela Associated Press revelam que o treinador foi acusado de praticar abuso sexual contra pelo menos três ginastas jovens na Chow’s e de gravar secretamente outras se vestindo no banheiro do ginásio durante seu trabalho anterior no Mississippi.
Na semana passada, mais de três anos após sua suspensão do cargo de treinador, o FBI deteve Gardner, de 38 anos, sob acusação federal de pornografia infantil. Contudo, seu processo disciplinar ainda não foi concluído pelo SafeSport, que trata de casos de abuso sexual no esporte olímpico.
Em situações como a de Gardner, o público permanece desinformado por longos períodos enquanto o SafeSport investiga e aplica sanções a treinadores. O SafeSport exige que denúncias sejam comunicadas à polícia para assegurar que agressores não operem sem supervisão fora do contexto esportivo, embora críticos argumentem que o sistema é um processo lento e pouco transparente.
“Sob uma perspectiva operacional externa, se o SafeSport está envolvido de alguma forma, a situação se torna tóxica e se destaca”, afirmou o advogado Steve Silvey, um crítico de longa data do SafeSport que representou pessoas em casos envolvendo o centro.
Ainda assim, em 2024, Gardner obteve um emprego auxiliando no atendimento a pacientes cirúrgicos em um hospital de Iowa, dois anos após as acusações de abuso terem sido comunicadas ao SafeSport e à polícia.
Em meados de maio, a polícia americana efetuou um mandado de busca em sua residência, o que resultou na apreensão de uma vasta coleção de fotografias e vídeos exibindo jovens meninas nuas, conforme consta nos documentos judiciais.
Uma menina reportou ao SafeSport, em março de 2022, que Gardner empregava “técnicas de apoio inadequadas”, envolvendo a colocação das mãos entre suas pernas e o toque em sua vagina, conforme o relatório.
A declaração indica que ela relatou que Gardner questionava as jovens sobre atividade sexual, utilizando termos como “idiotas, vadias e prostitutas”. Ela afirmou que esse comportamento iniciou-se após sua contratação em 2018 e persistiu até sua saída da academia em 2020, além de fornecer os nomes de outras seis pessoas que poderiam ter sido vítimas.
A presidente da USA Gymnastics, Li Li Leung, descreveu a situação como “realmente difícil, complicada de navegar”.
“Eu gostaria de observar maior coerência em seus resultados e punições”, afirmou Leung. “Eu gostaria de ver mais padronização em relação a isso. Eu gostaria de ver mais comunicação, mais transparência por parte deles.”
À medida que a investigação avançava, Gardner declarou em sua página no Facebook que obteve um novo emprego em maio de 2024 como técnico cirúrgico no MercyOne West Des Moines Medical Center. Trata-se de uma função que envolve posicionar pacientes na mesa de operação e auxiliar em procedimentos e cuidados pós-cirúrgicos.
Perguntado sobre o trabalho de Gardner, o porta-voz do hospital Todd Mizener afirmou à AP: “A única informação que posso fornecer é que ele não está mais no hospital.”
A situação permanece pendente há mais de três anos, desde que o Centro SafeSport e a polícia tiveram conhecimento do caso.
“O SafeSport agora é parte de um problema maior em vez de uma solução, se já não foi uma solução”, declarou o advogado Silvey. “A tarefa profissional mais fundamental, como a coordenação com a polícia local ou federal, é prejudicada diariamente, centenas de vezes por ano agora.”
A CNN, Simone Biles celebra rivalidade com Rebeca Andrade na ginástica.
Fonte por: CNN Brasil
Autor(a):
Apaixonada por cinema, música e literatura, Júlia Mendes é formada em Jornalismo pela Universidade Federal de São Paulo. Com uma década de experiência, ela já entrevistou artistas de renome e cobriu grandes festivais internacionais. Quando não está escrevendo, Júlia é vista em mostras de cinema ou explorando novas bandas independentes.