Trabalhadores dos Correios rejeitam proposta de Acordo Coletivo em assembleia; dissídio coletivo é o próximo passo. Greve pode estar a caminho!
A proposta de Acordo Coletivo de Trabalho apresentada pelos Correios foi rejeitada pelos trabalhadores em assembleia realizada na última terça-feira (23). No total, 18 sindicatos se manifestaram contra a proposta, enquanto 16 a aprovaram. Em comunicado interno, a empresa informou que o processo seguirá para dissídio coletivo, que é o termo jurídico para conflitos entre empregado e empregador.
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A mediação está sendo conduzida pelo TST (Tribunal Superior do Trabalho). A nota divulgada pelos Correios afirma que a empresa encerra a fase de negociações diretas e passará a atuar dentro do âmbito legal, visando garantir a continuidade do processo.
Durante a mediação, os Correios apresentaram uma proposta à Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares) e à Findect (Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos).
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Após a assembleia, a Fentect manteve um indicativo de greve. A federação expressou sua insatisfação, afirmando que, após mais de cinco meses de negociações, a empresa continua intransigente e tenta transferir a responsabilidade da má administração para os trabalhadores, apresentando propostas que comprometem direitos e dignidade.
A Findect, por sua vez, declarou que nenhum acordo será firmado sem a decisão da categoria. A federação ressaltou que cada direito preservado é resultado da organização e luta coletiva, que são essenciais neste momento crítico.
Diante da possibilidade de uma greve, o presidente do TST, ministro Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, convocou ministros da Seção Especializada em Dissídios Coletivos para estarem prontos para um julgamento imediato, mesmo durante o recesso de fim de ano.
Essa seção é responsável por julgar questões trabalhistas complexas, como greves e acordos coletivos, buscando a pacificação nas relações de trabalho.
Entre as propostas apresentadas pelos Correios está uma recomposição salarial de 5,13%, com início em janeiro e pagamento previsto para abril de 2026, incluindo retroativo de janeiro a março de 2026. A partir de agosto de 2026, os salários devem ser corrigidos com 100% do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor).
A proposta também inclui a assinatura imediata do Acordo Coletivo de Trabalho, com a renovação de 79 cláusulas, excluindo os parágrafos relacionados ao “ticket” mensal adicional (vale refeição/alimentação).
No primeiro semestre de 2025, a estatal registrou um prejuízo de R$ 4,3 bilhões, um aumento significativo em relação ao mesmo período de 2024, quando o prejuízo foi de R$ 1,3 bilhão. Em resposta à sua situação financeira, os Correios apresentaram um plano de reestruturação para garantir a estabilidade da empresa nos próximos 12 meses.
As medidas incluem um programa de demissão voluntária, a remodelagem dos planos de saúde dos funcionários e a venda de imóveis. O Tesouro Nacional aprovou uma operação de crédito de até R$ 12 bilhões para os Correios, com uma taxa de juros de 115% do custo de captação.
Contudo, a estatal poderá utilizar apenas R$ 5,8 bilhões em 2025, valor que corresponde ao déficit primário do ano.
Autor(a):
Apaixonada por cinema, música e literatura, Júlia Mendes é formada em Jornalismo pela Universidade Federal de São Paulo. Com uma década de experiência, ela já entrevistou artistas de renome e cobriu grandes festivais internacionais. Quando não está escrevendo, Júlia é vista em mostras de cinema ou explorando novas bandas independentes.