Todo mundo pode desenvolver habilidades avançadas em Matemática, afirma especialista de Stanford
A fundadora da abordagem Mentalidades Matemáticas, Jo Boaler, defende que o ensino da disciplina seja modernizado, mais enxuto e se torne mais criativo.
A professora de Educação Matemática da Universidade Stanford (EUA), Jo Boaler, visitou recentemente o Brasil a convite do Instituto Sidarta para apresentar sua abordagem de ensino, denominada “Mentalidades Matemáticas“. A metodologia busca tornar a disciplina acessível e agradável para todos, promovendo um ensino mais criativo e democrático.
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Aproveitou o evento para divulgar seu livro “Matematicando” e, durante os intervalos, concedeu entrevistas à CNN.
No Brasil, há uma escassez de estudantes que finalizam a educação básica com domínio adequado de Matemática. Qual o papel do governo e da instituição escolar para modificar essa situação?
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Governo e instituições de ensino desempenham um papel crucial na desconstrução do conceito de “cérebro matemático”, que assume uma capacidade inata desde a infância. Há décadas de estudos em neurociência demonstram que essa premissa não se sustenta. Através de uma metodologia pedagógica adequada, que promova a transmissão de mensagens sobre a mentalidade e considere o ritmo de aprendizado individual de cada estudante, qualquer pessoa pode desenvolver habilidades em Matemática em um nível elevado. É necessário fomentar uma mentalidade de crescimento, na qual os erros sejam encarados como chances de aprendizado e não como dificuldades.
Matemática precisa ser atualizada?
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As escolas precisam abordar a Matemática de forma mais criativa e variada, relacionada à vida diária. Em diversos países, os currículos permanecem idênticos aos de há um século, apesar das transformações significativas na Matemática global. É necessário incorporar a ciência de dados e atualizar o ensino matemático, tornando os conteúdos mais concisos e eliminando o que se tornou desnecessário, o que facilitaria o aprofundamento dos conceitos essenciais pelos professores.
Diversas crianças e pré-adolescentes que apreciam Matemática e obtêm resultados positivos frequentemente desenvolvem aversão à disciplina e apresentam desafios no Ensino Médio. Qual é a razão para isso?
Não tenho certeza de como a Matemática é ensinada no Ensino Médio no Brasil, mas nos Estados Unidos, e em outros países, à medida que se avança nas séries, as aulas tornam-se cada vez mais procedimentais, com os alunos apenas repetindo métodos mostrados pelos professores. Quando se é adolescente e está formando sua identidade, há o desejo de usar suas próprias ideias, ser ouvido, sentir-se uma pessoa completa. Exigir que os estudantes apenas sentem, ouçam e reproduzam o que é mostrado, sem autonomia ou pensamento independente, frequentemente faz com que percam o interesse pela Matemática. A falta de conexão com a vida real também torna a disciplina desinteressante e desconectada de suas experiências.
Como tornar o estudo da Matemática mais interessante e envolvente?
Para que a Matemática seja agradável e envolvente, ela precisa ser uma experiência multifacetada. Isso implica ir além dos cálculos e estimular a visualização, o desenho e a exploração de diversas formas de pensamento. Convidar os estudantes a refletirem sobre conceitos matemáticos e valorizar as diferentes maneiras pelas quais eles pensam sobre essas ideias transforma a disciplina para eles. A Matemática deve estar relacionada ao cotidiano, como na ciência de dados, para demonstrar sua relevância. Quando os alunos se sentem motivados para enfrentar desafios e cometer erros, quando suas diferentes ideias são valorizadas, o aprendizado torna-se mais profundo, significativo e, naturalmente, mais prazeroso e estimulante.
Matemática no Enem: professor oferece orientações sobre os tópicos mais importantes na prova.
Fonte por: CNN Brasil
Autor(a):
Júlia Mendes
Apaixonada por cinema, música e literatura, Júlia Mendes é formada em Jornalismo pela Universidade Federal de São Paulo. Com uma década de experiência, ela já entrevistou artistas de renome e cobriu grandes festivais internacionais. Quando não está escrevendo, Júlia é vista em mostras de cinema ou explorando novas bandas independentes.












