A enfermidade pode não exibir sinais clínicos nos estágios iniciais, o que complica o diagnóstico e o começo do tratamento adequado.
O câncer de bexiga é um dos tumores urológicos mais frequentes no Brasil. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), observaram-se aproximadamente 11.370 novos casos no país em 2024, com maior incidência em homens. Os dados também indicam que mais de 19 mil óbitos relacionados à doença foram registrados entre 2019 e 2022.
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A campanha Julho Roxo teve como objetivo sensibilizar sobre a relevância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de bexiga, o que eleva as perspectivas de tratamento bem-sucedido. A enfermidade, em fases iniciais, pode ser assintomática, ou seja, não manifestar sinais, o que dificulta sua identificação antecipada.
A detecção precoce do câncer de bexiga pode ser realizada por meio de investigação com exames clínicos, laboratoriais ou radiológicos, em indivíduos com sinais e sintomas sugestivos ou daqueles que fazem parte de grupos com maior probabilidade de desenvolver a doença.
Incluem-se, entre os exames que auxiliam no diagnóstico, os de urina e os de imagem, como a tomografia computadorizada e a citoscopia (investigação interna da bexiga por instrumento equipado com câmera). Durante o procedimento, podem ser coletadas células para biópsia.
Recentemente, testes genéticos têm sido empregados para identificar mutações que causam o câncer de bexiga, antes que se manifestem clinicamente por meio de outros exames.
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Assim, exames genéticos podem ser conduzidos em indivíduos assintomáticos com maior probabilidade de desenvolver a doença.
Testes realizados em indivíduos com histórico familiar ou diagnóstico prévio de tumores auxiliam na identificação da predisposição ao câncer de bexiga. Segue-se um acompanhamento rigoroso, que pode ser conduzido por meio de exames de imagem, urina e sangue, promovendo o diagnóstico precoce e a preservação de vidas, conforme explica Allan Munford, gerente regional LATAM de Marketing da QIAGEN, empresa especialista em tecnologia para diagnósticos moleculares.
O mesmo caminho se aplica a pacientes com câncer de bexiga avançado ou metastático, pois os testes genéticos utilizam tecnologia de PCR em tempo real, que consegue identificar até quatro mutações e duas fusões genéticas.
Nesse contexto, Munford explica que a PCR em tempo real oferece resultados rápidos e de alta sensibilidade, identificando mutações específicas. “Isso possibilita prescrever tratamentos personalizados, com medicamentos que atuam diretamente nas proteínas relacionadas à progressão da doença”, complementa.
Segundo Fernando Moura, oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein, identificam-se dois tipos principais de testes genéticos: o de predição genética e o de predisposição hereditária ao câncer.
Qualquer pessoa saudável pode realizar o teste para verificar se apresenta alterações genéticas associadas ao câncer, sendo também uma forma de prevenção. “Se eu encontrar alguma dessas alterações relacionadas ao câncer, eu posso tomar ações para reduzir o risco de desenvolver a neoplasia”, explica o especialista em matéria publicada anteriormente na CNN.
O teste de predisposição hereditária ao câncer pode ser indicado para indivíduos que já foram diagnosticados com a doença e atua como instrumento para decisões relacionadas ao tratamento.
“Por exemplo, no câncer de mama, existem certas características em que temos a necessidade de fazer o teste para entender se o câncer é esporádico, ou seja, aconteceu de forma aleatória, ou se há possibilidade de o paciente ter alguma herança familiar genética que levou à doença”, explica Moura. “Em um câncer de mama triplo negativo, que é um subtipo da doença, a recomendação desse teste genético é feita”, exemplifica.
O teste genético se mostrará útil para determinar o tratamento mais adequado para o câncer. Adicionalmente, funciona como um indicador para que outros membros da família do paciente, incluindo pais, filhos ou irmãos, realizem o teste e verifiquem se também possuem a mutação genética.
Os sinais e sintomas principais do câncer de bexiga incluem:
Esses sintomas podem ser frequentemente confundidos com infecção urinária, sendo imprescindível a busca por auxílio médico para realizar o diagnóstico diferencial.
Em situações mais complexas, podem apresentar-se sinais clínicos mais sérios, conforme a Sociedade Americana de Câncer, tais como:
Conforme o Inca, os fatores de risco primários para o câncer de bexiga incluem a idade e a raça (homens brancos e idosos apresentam maior probabilidade de desenvolver a neoplasia), o tabagismo e a exposição a substâncias químicas, como tinturas, solventes e agrotóxicos. O histórico familiar também representa um fator de risco relevante.
Pacientes fumantes apresentam risco extremamente elevado de desenvolver câncer. Outras situações de exposição, notadamente no ambiente de trabalho, como indústrias que trabalham com derivados de petróleo, aminas aromáticas, indústrias do tabaco, metais pesados e alguns agrotóxicos, também representam fatores de risco. Assim, são contextos onde essa substância pode estimular o surgimento de câncer de bexiga, conforme explica Fernando Leão, cirurgião robótico do Hospital Israelita Albert Einstein de São Paulo e Goiânia, em matéria publicada anteriormente na CNN.
A prevenção do câncer de bexiga compreende evitar o fumo e o tabagismo passivo, que é a inalação da fumaça de produtos derivados do tabaco por não fumantes em ambientes fechados. Além disso, é importante não se expor aos derivados do petróleo, como tintas, por exemplo.
A prática de atividade física, a hidratação adequada e a alimentação saudável também são importantes para prevenir o surgimento de tumores.
Novas terapias diminuem em 32% a probabilidade de recorrência do câncer de bexiga.
Fonte por: CNN Brasil
Autor(a):
Com formação em Jornalismo e especialização em Saúde Pública, Lara Campos é a voz por trás de matérias que descomplicam temas médicos e promovem o bem-estar. Ela colabora com especialistas para garantir informações confiáveis e práticas para os leitores.