Testes genéticos na gestação: como os resultados influenciam as escolhas em cada etapa

Testes genéticos modernos possibilitam a identificação de riscos, a prevenção de enfermidades e a adaptação de tratamentos, oferecendo maior segurança a…

20/08/2025 15:20

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(Imagem de reprodução da internet).

Antes mesmo da gestação, casais podem realizar painéis de portadores para identificar mutações recessivas que, caso sejam transmitidas pelos dois parceiros, podem levar ao desenvolvimento de doenças como fibrose cística ou atrofia muscular espinhal.

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De acordo com dados do American College of Medical Genetics, até 1 em cada 25 adultos possui alguma mutação para doenças graves, frequentemente sem apresentar sintomas. Se ambos os pais forem portadores, a probabilidade de o filho ser afetado atinge 25%.

Identificar esse risco possibilita três abordagens: tentar naturalmente com diagnóstico pré-implantacional na fertilização in vitro; utilizar gametas de doador; ou estar preparado para realizar exames específicos durante a gestação. Em famílias com histórico de câncer hereditário (como BRCA1/2), a avaliação genética pode orientar não apenas a saúde materna, mas também decisões sobre preservação da fertilidade.

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Durante a gravidez: testes seguros, indicações claras.

A partir da décima semana, o NIPT (teste pré-natal não invasivo) examina fragmentos de DNA fetal que circulam no sangue materno, permitindo a detecção de síndromes cromossômicas, incluindo Down, Edwards e Patau, com uma sensibilidade superior a 99%. Ele não substitui o ultrassom morfológico nem o exame confirmatório invasivo (amniocentese ou biópsia de vilo corial) quando o resultado é positivo, mas diminui a necessidade desses procedimentos em até 60%.

A amniocentese, recomendada entre 15 e 20 semanas, permanece o padrão-ouro para confirmar aneuploidias e investigar doenças metabólicas ou infecções congênitas; o risco de perda gestacional é atualmente de 0,1 a 0,3%, devido ao aprimoramento das técnicas de punção.

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A análise de qualquer resultado demanda uma equipe multidisciplinar (ginecológica, obstétrica e genética médica). Um risco elevado em NIPT não é diagnóstico; da mesma forma, uma alteração no ultrassom pode ser um falso-positivo e gerar ansiedade desnecessária. O diálogo aberto sobre as limitações estatísticas evita decisões apressadas – como a interrupção da gestação – baseadas unicamente em probabilidade.

Após o parto: triagem neonatal ampliada e o desenvolvimento da criança.

O teste do pezinho obrigatório abrange até seis doenças no SUS (fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, fibrose cística, entre outras). Versões ampliadas, já oferecidas em vários estados e na rede privada, rastreiam de 50 a 80 doenças metabólicas tratáveis se diagnosticadas nos primeiros dias de vida.

A identificação precoce de acidoses orgânicas diminui em 74% a mortalidade e impede o desenvolvimento de sequelas neurológicas graves, conforme evidenciado em estudos do Instituto Nacional de Saúde dos EUA.

Nos próximos anos, projetos-piloto de sequenciamento genômico neonatal visam incorporar centenas de genes relacionados a condições de início precoce com tratamento disponível; o desafio será distinguir mutações realmente patogênicas de achados de significado incerto, evitando sobrecarregar as famílias com informações que não alteram condutas clínicas.

Genética, menos ansiedade – a importância da personalização.

Não é necessário que todos os casais realizem todos os exames, e o excesso de testes pode causar confusão, altos custos e decisões baseadas no medo e na ansiedade. As recomendações das sociedades de ginecologia, obstetrícia, pediatria e genética médica convergem em três pontos:

Com tecnologia disponível e equipes capacitadas, a genética deixa de ser um oráculo distante e se torna uma ferramenta prática de saúde preventiva, sem negligenciar que, além dos genes, o ambiente, o afeto e as escolhas de estilo de vida acompanham a criança ao longo da vida.

Texto escrito pela ginecologista Ana Horovitz (CRM 111739), integrante da Brazil Health

Fonte por: CNN Brasil

Marcos Oliveira é um veterano na cobertura política, com mais de 15 anos de atuação em veículos renomados. Formado pela Universidade de Brasília, ele se especializou em análise política e jornalismo investigativo. Marcos é reconhecido por suas reportagens incisivas e comprometidas com a verdade.