Tribunal aponta falhas normativas, defasagem de sistemas e baixa efetividade na regulação do setor. Confira todos os detalhes no Poder360.
O Tribunal de Contas da União (TCU) detectou diversas falhas estruturais na fiscalização ferroviária realizada pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) durante uma auditoria realizada entre novembro de 2023 e abril de 2024. O acórdão foi publicado na quarta-feira, 15 de outubro de 2025.
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A auditoria analisou documentos internos, processos administrativos e fiscalizações in loco em trechos da Ferrovia Centro-Atlântica, da Rumo Malha Sul e da MRS Logística. O TCU apontou que, apesar de alguns avanços institucionais, ainda existem fragilidades que afetam a efetividade da regulação e a segurança jurídica do setor.
O relatório do TCU destaca cinco deficiências principais, que vão desde lacunas normativas até a falta de indicadores de resultado. Uma das constatações é que a ANTT não consegue editar normas em tempo adequado, prejudicando a fiscalização e a atuação do mercado.
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A demora na regulamentação afeta questões importantes, como a definição de “serviço adequado” e a delimitação da faixa de domínio ferroviária. Essas questões permanecem sem regulamentação consolidada, apesar de estarem na agenda regulatória da ANTT há mais de dez anos.
Outro aspecto crítico do relatório é a obsolescência dos métodos e sistemas de fiscalização. O TCU observou que a ANTT ainda utiliza instrumentos manuais e planilhas dispersas, o que compromete a eficiência no monitoramento das concessionárias.
O tribunal recomenda a modernização dos sistemas de informação, como o SAFF (Sistema de Informações Ferroviárias), além da incorporação de tecnologias de georreferenciamento e automação de dados. Durante as auditorias, foi constatada a insuficiência da estrutura operacional da ANTT, que enfrenta escassez de pessoal e restrições orçamentárias.
O TCU também destacou o subaproveitamento dos Relatórios de Acompanhamento Anual (RAA), que as concessionárias devem apresentar anualmente com dados sobre infraestrutura e operação. Embora o RAA tenha sido criado para apoiar a regulação, a ANTT não utiliza essas informações de forma eficaz.
Os auditores identificaram divergências entre os dados dos relatórios e as condições reais das vias. O tribunal sugeriu aprimorar a metodologia de auditoria dos RAAs, com padronização e integração dos dados coletados por empresas terceirizadas.
O relatório critica a cláusula de dispersão tarifária, que deveria evitar que alguns usuários pagassem mais do que outros. O TCU concluiu que esse mecanismo não garante tratamento isonômico e precisa ser reavaliado.
Além disso, a ANTT carece de indicadores de desempenho que avaliem os resultados e impactos de suas ações. Atualmente, a agência monitora apenas aspectos processuais, como o número de fiscalizações realizadas, o que dificulta uma avaliação objetiva da efetividade da regulação.
Por fim, o TCU fez várias recomendações para fortalecer a regulação ferroviária, incluindo:
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Com uma carreira que começou como stylist, Sofia Martins traz uma perspectiva única para a cobertura de moda. Seus textos combinam análise de tendências, dicas práticas e reflexões sobre a relação entre estilo e sociedade contemporânea.