TCU aponta risco financeiro em Angra 1 e exige plano da Eletronuclear até 2044

Tribunal exige plano financeiro e política cambial da Eletronuclear para assegurar a continuidade da instalação até 2044. Confira no Poder360.

15/10/2025 18:51

3 min de leitura

(Imagem de reprodução da internet).

TCU Aponta Risco de Falta de Recursos no Programa de Extensão de Angra 1

O Tribunal de Contas da União (TCU) alertou sobre a possibilidade de insuficiência de recursos financeiros no programa de extensão da usina nuclear Angra 1, que visa prolongar sua operação por mais 20 anos. O acórdão foi publicado na quarta-feira, 15 de outubro de 2025.

Durante uma auditoria, o tribunal constatou que a Eletronuclear ainda não garantiu o financiamento de longo prazo necessário para finalizar o projeto, que está orçado em R$ 3 bilhões até 2028. A estatal tem buscado empréstimos de curto prazo e aguarda a emissão de R$ 2,4 bilhões em debêntures para financiar parte das obras, conforme um acordo homologado no Supremo Tribunal Federal (STF) entre a União e a Eletrobras.

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Plano de Ação e Contingência

O TCU determinou que a Eletronuclear, a ENBPar (sua controladora) e o Ministério de Minas e Energia desenvolvam, em até 90 dias, um plano de ação e contingência para garantir os recursos e evitar atrasos. No plano, foi sugerida a implementação de uma política formal de gestão cambial em até 120 dias.

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Essa recomendação considera que parte dos contratos de bens e serviços da usina é realizada em dólar, o que expõe a empresa a flutuações na taxa de câmbio.

Novas Mudanças no Setor Nuclear

A análise do TCU ocorre no mesmo dia em que a Eletrobras firmou um contrato para vender sua totalidade de ações na Eletronuclear para a Âmbar Energia, do Grupo J&F, por R$ 535 milhões. Em comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Eletrobras informou que a nova compradora assumirá as garantias da elétrica em favor da Eletronuclear e será responsável por obter a anuência dos credores.

Essa transação encerra o vínculo societário da Eletrobras com o setor nuclear, que perdurou desde a privatização da companhia em 2022. Na ocasião, a Eletronuclear foi separada da estrutura principal da Eletrobras, mas a empresa manteve cerca de 33% das ações até a venda.

A alienação também reforça o novo arranjo de governança da Eletrobras, aprovado em assembleia extraordinária no final de abril. Com o acordo, a União passou a ter três assentos fixos no conselho de administração da companhia, que possui um total de 10 assentos, e garantiu presença no conselho fiscal. Em contrapartida, o governo desistiu de questionar no STF o limite de 10% de poder de voto por acionista, um dos pontos centrais da capitalização.

Com o fim da disputa judicial, a Eletrobras obteve maior previsibilidade e eliminou riscos relacionados à operação no setor nuclear, enquanto o governo ampliou sua influência na empresa sem modificar a estrutura de controle privado.

Ana Carolina é engenheira de software e jornalista especializada em tecnologia. Ela traduz conceitos complexos em conteúdos acessíveis e instigantes. Ana também cobre tendências em startups, inteligência artificial e segurança cibernética, unindo seu amor pela escrita e pelo mundo digital.