Taxas elevam-se após ações fiscais do governo e influência do poder legislativo

O governo Lula modificou as taxas de IOF e aumentou o imposto sobre investimentos financeiros na véspera.

12/06/2025 21:21

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Taxas elevam-se após ações fiscais do governo e influência do poder legislativo
(Imagem de reprodução da internet).

A curva a termo no Brasil apresentou inclinação nesta quinta-feira (12), com aumento das taxas dos títulos de maior prazo, em razão das preocupações do mercado em relação ao cenário fiscal, após o governo Lula ter revisado as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras e aumentado o imposto sobre aplicações financeiras, entre outras ações.

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A percepção de que o ajuste fiscal voltou a incidir sobre o crescimento da receita, e não sobre a redução de despesas, e a ideia de que as propostas enfrentarão dificuldades no Congresso, levaram ao aumento de prazos, em conjunto com a crença de que o Banco Central poderá ser forçado a elevar persistentemente a taxa Selic .

À tarde, a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2026 era de 14,855%, em comparação com o ajuste de 14,879% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2027 indicava 14,2%, em relação ao ajuste de 14,213%.

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Os contratos de longo prazo apresentavam uma taxa de 13,71% para janeiro de 2031, em comparação com 13,671% no ajuste anterior, e uma taxa de 13,77% para janeiro de 2033, com um aumento de 4 pontos-base em relação a 13,728%.

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Na quarta-feira, o governo divulgou, em edição suplementar do Diário Oficial da União, um decreto que reduziu parcialmente os incrementos do IOF determinados no final de maio.

Adicionalmente, foi divulgada uma determinação que, buscando equilibrar a diminuição da arrecadação proveniente do IOF, aumenta a alíquota sobre apostas, tributa ganhos com títulos atualmente isentos e modifica o imposto de outras aplicações financeiras. Dentre as ações, destaca-se a cobrança de 17,5% de Imposto de Renda sobre os rendimentos de aplicações financeiras, sem considerar o prazo, e a tributação de 5% sobre títulos hoje isentos, incluindo LCIs, LCAs, CRIs, CRAs e debêntures incentivadas.

Foram anunciadas algumas medidas de contenção de despesas, incluindo o programa Pé de Meia (de apoio a estudantes) e o Seguro Defeso, embora o governo ainda não tenha divulgado seu impacto fiscal, que é visto como limitado pelo mercado.

As taxas dos títulos DI iniciaram a sessão nesta quinta-feira em patamares baixos, mas rapidamente se fortaleceram e se deslocaram para o território positivo, principalmente entre os títulos de longo prazo, que são mais sensíveis às questões fiscais.

Além da insatisfação com a prioridade concedida pelo governo em relação à arrecadação, os agentes identificaram um cenário de dificuldades para aprovação no Congresso.

O mercado não deseja que o governo taxe, ele quer que o ajuste ocorra pela redução dos gastos, e não pela diminuição da arrecadação. Caso não haja acordo para essa compensação (da perda de receita com o IOF), isso agravaria o problema fiscal, afirmou o analista Laís Costa, da Empiricus Research.

Por volta do final da tarde, as taxas futuras receberam um impulso extra após o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), admitir que “o ambiente na Câmara não é propício para o aumento de impostos com o objetivo de arrecadar para solucionar os problemas fiscais”.

Motta comunicou que a comissão de líderes da Câmara determinou priorizar a votação de um projeto de decreto legislativo que revoga os efeitos do decreto emitido na noite anterior pelo governo, referente às alíquotas do IOF. A sessão de votação em plenário está agendada para segunda-feira.

Caso o Congresso revogue o decreto de IOF do governo, as alíquotas do imposto em vigor anteriormente às alterações implementadas seriam retomadas.

Costa salientou que há bastante notícia sobre a questão do IOF e que Motta está atuando intensamente em relação às propostas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Após os comentários de Motta, o dólar retomou máximas em relação ao real e as taxas das DIs mais longas também atingiram picos. O movimento ocorria apesar de, no exterior, os rendimentos dos Treasuries estarem em queda firme.

A incerteza no cenário fiscal, além de aumentar os prazos de financiamento no Brasil, gerou dúvidas sobre o futuro da Selic, que atualmente está em 14,75% ao ano. Devido à falta de ajuste nas contas públicas, a expectativa do mercado é que o Banco Central possa ser forçado a manter o processo de elevação da taxa básica de juros.

Na quarta-feira – atualização mais recente – antes da publicação das medidas do governo – a precificação das opções da Copom negociadas na B3 indicava 63,50% de chances de alta de 25 pontos-base da Selic na próxima semana, contra 35,00% de probabilidade de manutenção. No dia anterior, os percentuais eram quase iguais, de 50% e 48%, respectivamente.

Recentemente, os investidores intensificaram as expectativas de que o Banco Central continuará elevando a taxa Selic, devido às dificuldades do governo em controlar o cenário fiscal.

A divulgação de dados negativos de emprego nos EUA e a alta demanda em um leilão de títulos do Tesouro norte-americano mantinham as taxas de juros em patamares baixos. Às 16h48, o rendimento do Treasury de dez anos – referência global para decisões de investimento – caiu 6 pontos-base, atingindo 4,355%.

Fonte por: CNN Brasil

Autor(a):

Lucas Almeida é o alívio cômico do jornal, transformando o cotidiano em crônicas hilárias e cheias de ironia. Com uma vasta experiência em stand-up comedy e redação humorística, ele garante boas risadas em meio às notícias.