Taxas de juros nos EUA podem reduzir o crescimento do PIB em 0,5%, avalia a XP
Donald Trump divulgou as novas taxas em quarta-feira (9) por meio de uma carta direcionada ao presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.

A nova tarifa de 50% para exportações aos Estados Unidos podem diminuir o crescimento do PIB brasileiro em 0,30 ponto percentual (p.p.) ainda em 2025 e até 0,50 p.p. no ano seguinte. A análise é da XP, divulgada nesta quinta-feira (10).
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A projeção indica uma redução nas exportações brasileiras para os Estados Unidos de aproximadamente US$ 6,5 bilhões em 2025, aumentando para US$ 16,5 bilhões em 2026, caso as tarifas se mantenham em vigor durante esse período.
Donald Trump comunicou as novas alíquotas nesta quarta-feira (9) por meio de uma carta dirigida ao presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. No documento, o republicano também mencionou que as decisões do STF (Supremo Tribunal Federal) referentes a Jair Bolsonaro também influenciaram a taxação.
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Segundo a corretora, os Estados Unidos representam o segundo maior parceiro comercial do Brasil, com as exportações brasileiras totalizando US$ 40,3 bilhões em 2024, correspondendo a 12% do volume exportado pelo país, e as importações americanas atingindo US$ 40,6 bilhões, que representam 15,5% do total importado.
Assim, o efeito das tarifas se concentra primariamente nos produtos manufaturados, que correspondem a cerca de 40% das exportações brasileiras para os Estados Unidos e são os mais suscetíveis ao aumento dos custos tarifários.
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A XP ressalta que esses produtos apresentam baixa elasticidade para redirecionamento a outros mercados, o que dificulta a rápida substituição dos clientes americanos por compradores alternativos.
As exportações de commodities brasileiras, como minério de ferro, carne e produtos agrícolas, tendem a ser menos impactadas, podendo ser direcionadas para outras áreas sem causar um impacto relevante nas margens.
A análise aponta para uma elasticidade-preço alta para bens manufaturados (aproximadamente -2,1), o que sugere que um aumento de 10% no preço causa uma redução de cerca de 20% no volume exportado.
Com preços aumentados em 50%, as vendas de produtos industrializados para os Estados Unidos se tornam inviáveis.
A XP aponta, além do impacto no comércio, para efeitos indiretos no crescimento econômico por meio de restrições nas condições financeiras internas, embora essa influência seja mais difícil de mensurar.
As tarifas tendem a restringir o desempenho da economia brasileira, em um cenário já complicado, gerando um contexto de maior insegurança para investidores e empresas.
Em relação à inflação, a XP não antecipa efeitos significativos no curto prazo, a menos que o governo brasileiro implemente retaliações, aplicando tarifas similares sobre produtos dos Estados Unidos. Nesse caso, o aumento dos custos de produção em setores como o farmacêutico, químico e transporte, incluindo combustíveis, poderia exercer pressão sobre os preços ao consumidor.
O relatório aponta, por exemplo, a dependência brasileira de insumos americanos para o setor aéreo: aproximadamente 10% a 15% do queroseno de aviação utilizado no país tem origem nos EUA, e a presença dominante de aeronaves americanas pode aumentar o custo das passagens aéreas caso os preços subam em função das tarifas.
A XP projeta que o efeito direto sobre o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) seria de aproximadamente 0,05 ponto percentual.
Outro ponto de preocupação é a taxa de câmbio. Apesar da recente valorização do real, que tem auxiliado no controle da inflação, o cenário de tensões comerciais pode provocar o aumento da percepção de risco, pressionando a desvalorização da moeda.
A corretora estima uma flexibilidade de repasse cambial de 0,9 ponto percentual para o IPCA durante quatro trimestres, o que poderia amenizar os impactos da recessão econômica e elevar a inflação.
Em relação às importações brasileiras dos Estados Unidos, o país exporta principalmente bens manufaturados e variados, como equipamentos e máquinas, com destaque para aeronaves e peças, que representam aproximadamente 48% do fornecimento americano.
Se o Brasil aplicar tarifas de represália de 50%, a XP projeta que o volume importado diminuiria em aproximadamente 30%, reduzindo as compras para US$ 0,8 bilhão em 2025 e US$ 2,2 bilhões em 2026. Contudo, a limitada capacidade de substituição de alguns produtos pode restringir as alternativas do país.
Brasil exporta petróleo, café e aeronaves para os Estados Unidos.
Fonte por: CNN Brasil
Autor(a):
Lara Campos
Com formação em Jornalismo e especialização em Saúde Pública, Lara Campos é a voz por trás de matérias que descomplicam temas médicos e promovem o bem-estar. Ela colabora com especialistas para garantir informações confiáveis e práticas para os leitores.