Taxas de juros de longo prazo sobem impulsionadas por títulos do Tesouro em meio a dados de inflação nos Estados Unidos

Investidores acompanham de perto o efeito das tarifas de Trump sobre a economia global.

15/07/2025 22:25

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Taxas de juros de longo prazo sobem impulsionadas por títulos do Tesouro em meio a dados de inflação nos Estados Unidos
(Imagem de reprodução da internet).

As taxas das DI (Depósitos Interfinanceiros) subiram na terça-feira (15), em linha com o acentuado avanço dos juros dos títulos do Tesouro nos Estados Unidos, após dados de inflação norte-americanos indicarem que o Fed (Banco Central) adotará cautela antes de reduzir as taxas de juros.

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A incerteza em relação aos desdobramentos da tarifação pelos Estados Unidos de produtos do Brasil e de outros países também influenciou os negócios e as discussões entre autoridades do governo Lula e empresários sobre o assunto.

À tarde, a taxa do DI para janeiro de 2027 era de 14,355%, em comparação com 14,306% na sessão anterior. A taxa para janeiro de 2028 indicava 13,725%, com aumento de 13 pontos-base em relação a 13,599%.

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Os contratos de longo prazo apresentavam uma taxa de 13,81% para janeiro de 2031, em comparação com 13,668% no ajuste anterior, e uma taxa de 13,9% para janeiro de 2033, com um aumento de 15 pontos-base em relação a 13,751%.

As taxas futuras no Brasil acompanharam a variação dos rendimentos dos títulos do Tesouro Americano ao longo do dia.

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Inicialmente, o Departamento do Trabalho dos EUA comunicou que o CPI (Índice de Preços ao Consumidor) aumentou 0,3% em junho, após registrar um avanço de 0,1% em maio. Nos doze meses até junho, o índice apresentou alta de 2,7%, após subir 2,4% em maio.

O resultado mensal ficou em consonância com o percentual de 0,3% previsto pelos economistas consultados em enquete da Reuters, ao passo que o acumulado de 12 meses atingiu 2,6%, superior à projeção.

Inicialmente, o desempenho dos títulos do Tesouro com valores dentro do esperado levou a uma queda nos rendimentos, acompanhada da percepção de que os números reforçavam a expectativa de redução das taxas de juros pelo Federal Reserve em um futuro próximo.

Os DIs registraram acompanhamento no Brasil: às 9h56, após a divulgação do CPI, a taxa do vencimento para janeiro de 2028 atingiu o mínimo de 13,55%, com queda de 5 pontos-base em relação ao ajuste da véspera.

Todavia, ainda pela manhã, os rendimentos dos títulos do Tesouro subiram, em função de um dado mais negativo do Índice de Preços ao Consumidor.

Excluindo os componentes voláteis de alimentos e energia, o índice subiu 0,2%, em junho, em comparação com 0,1% em maio. Nos doze meses até junho, a inflação subjacente aumentou 2,9%, após alta de 2,8% nos três meses consecutivos.

Apesar dos dados terem se mantido dentro do esperado, a qualidade ligeiramente inferior mantém a postura cautelosa do banco central norte-americano, avaliou Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, em comentário sobre a CPI.

Ele complementou que o índice ainda não reflete totalmente os impactos inflacionários das recentes tarifas comerciais dos EUA, implementadas em abril.

As consequências dessa política comercial serão percebidas com maior intensidade nos próximos meses. Nesse sentido, estimamos que o banco central norte-americano terá margem restrita para reduzir as taxas de juros.

Com a evolução dos vencimentos, a taxa do DI para janeiro de 2028 alcançou 13,785%, às 13h28, com alta de 19 pontos-base.

A tarde seguiu com volatilidade, porém a curva brasileira acompanhou os movimentos da curva norte-americana, em razão da guerra tarifária iniciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

Durante a sessão, Trump anunciou acordo com a Indonésia — que não se encontra entre os 15 principais parceiros comerciais dos EUA.

No Brasil, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), declarou que o governo brasileiro buscará reverter “o mais rápido possível” a taxa de 50% sobre os produtos nacionais, considerando que o país poderá solicitar maior tempo para negociar, se necessário.

A aplicação da tarifa pelos Estados Unidos está prevista para 1º de agosto.

Apesar das incertezas em relação ao efeito da guerra comercial sobre a economia e a inflação no Brasil, a projeção indicava a manutenção da taxa básica de juros em 15% ao ano no final do mês. Próximo do encerramento, essa estimativa atingia 99%.

Na segunda-feira (14), a avaliação mais recente apontava para 91% de chances de manutenção da Selic, em relação a 5,9% de probabilidade de um aumento de 25 pontos-base neste mês.

À tarde, a taxa do Treasury de dez anos – referência global para decisões de investimento – avançava 6 pontos-base, atingindo 4,487%.

Nova abertura comercial pode diminuir os efeitos das tarifas americanas no Brasil? Compreenda.

Fonte por: CNN Brasil

Autor(a):

Com uma carreira que começou como stylist, Sofia Martins traz uma perspectiva única para a cobertura de moda. Seus textos combinam análise de tendências, dicas práticas e reflexões sobre a relação entre estilo e sociedade contemporânea.