Tarifaço dos EUA ameaça agro brasileiro, alerta especialista Marcos Jank
Coordenador do centro Insper Agro Global adverte que o uso de barreiras comerciais nos Estados Unidos provoca incertezas globais e demanda monitoramento…
Brasil Enfrenta Era de Incertezas no Comércio Global
O cenário do comércio global está em uma nova “era de incertezas e disrupções”, impulsionada pela política comercial dos Estados Unidos. Essa avaliação é de Marcos Jank, professor sênior de agronegócio e coordenador do centro Insper Agro Global, que destaca como o uso de tarifas como instrumento de pressão e dissuasão comercial e não comercial ameaça as cadeias globais de suprimento e valor.
Enquanto o Brasil aguarda o momento ideal para dialogar em Washington, o governo americano tem avançado em conversas e negociações com dezenas de outros países, que ignoram as vantagens comparativas consolidadas e podem desarrumar as cadeias globais de suprimento e valor.
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Risco de Desvio de Comércio no Agronegócio
Jank destaca que a grande preocupação do agronegócio brasileiro reside nos possíveis desvios de comércio (trade diversion), que podem ocorrer em decorrência desses acordos bilaterais. O setor precisa acompanhar de perto não apenas a situação das exportações brasileiras para os Estados Unidos sob o tarifaço, mas também as negociações americanas com muitos outros países de interesse do Brasil.
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Negociações EUA-China e Minerais Raros
Ainda de acordo com o professor do Insper, um ponto de atenção especial é o boato sobre as negociações entre Estados Unidos e China, que envolveriam uma barganha com exportações de soja americana, chips de celulares dos Estados Unidos e a questão sensível dos minerais raros.
Exemplo da Indonésia e Desvios de Comércio
Jank cita como exemplo o caso da Indonésia, o quarto país mais populoso do mundo, que negociou com os Estados Unidos e, nessas conversas, “entregou o seu mercado agrícola para os Estados Unidos”.
Estratégias para o Brasil
Diante desse quadro global de incertezas e disrupções, o professor de agronegócio do Insper reforça a necessidade de uma ação estratégica por parte do Brasil. Para ele, é fundamental que o país acompanhe a situação de perto, entenda o ambiente institucional e negocial de Washington e desenvolva ferramentas de análise.
“O Brasil deve fazer análises de cenários e de impactos de médio e longo prazo, não apenas de curto prazo e, principalmente, construir estratégias envolvendo o setor privado e o governo”, conclui.
Autor(a):
Júlia Mendes
Apaixonada por cinema, música e literatura, Júlia Mendes é formada em Jornalismo pela Universidade Federal de São Paulo. Com uma década de experiência, ela já entrevistou artistas de renome e cobriu grandes festivais internacionais. Quando não está escrevendo, Júlia é vista em mostras de cinema ou explorando novas bandas independentes.