O Ministério da Defesa e os habitantes de Taipei manifestam preocupação com a possível invasão de Pequim, que alega a soberania sobre o território.
Alertas começaram a ser emitidos em celulares às 13h30 desta quinta-feira (17) na capital de Taiwan, Taipei, com mais de dois milhões de habitantes: “Exercício de Defesa Aérea] Ataque com mísseis. Procurem abrigo imediatamente.”
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Taiwan conduziu um novo teste relacionado à guerra por trinta minutos.
Os apitos de ataque aéreo ressoaram em edifícios residenciais e arranha-céus. O ruído intenso e alarmante é imediatamente identificável e, para quem já o ouviu.
A polícia, utilizando apitos intensos, iniciou os gritos e as ordens para que todos os veículos parassem. Os motoristas precisaram deixar seus carros nos cruzamentos com semáforos intermitentes e buscar refúgio. Os ônibus ficaram imóveis e desocupados em vias habitualmente movimentadas.
Voluntários da defesa civil com coletes amarelos conduziram as pessoas até abrigos, porões e shoppings subterrâneos.
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O sistema de metrô de Taipei, conhecido como MRT, com ar-condicionado, continuou operando, apesar das instruções para que os passageiros permanecessem nas plataformas.
A cidade ficou deserta. Lojas fecharam suas portas e clientes, junto com funcionários, assistiam às ruas se tornarem vazias em questão de segundos.
A finalidade desta atividade anual é a ameaça latente, porém constante, de um ataque ou invasão pelo país vizinho de Taiwan, localizado ao noroeste. O Partido Comunista da China reivindica Taiwan como seu próprio território e pode utilizá-la pela força, se necessário.
Apesar de Taiwan, uma democracia, ter experiência com tais ameaças há muito tempo, a invasão da Ucrânia pela Rússia, a retórica cada vez mais agressiva do líder chinês Xi Jinping e o conflito no Oriente Médio demonstraram o que pode ocorrer se a paz se desestabilizar.
“Me sinto ansioso ao ouvir o apito. Apesar da China estar sempre presente, quando as sirenes soam, isso me recorda da grande ameaça que existe ao nosso redor”, declarou Carl Chu, residente de Taipei.
Chu declarou que a guerra pode ocorrer a qualquer instante, ressaltando a necessidade de assumir a responsabilidade individual, estar preparado e saber como se defender.
Jessica Fang, outra moradora de Taipei, complementou: “Antigamente, muitos viam esses exercícios como parte da rotina. No entanto, devido aos eventos na Ucrânia e em Israel, este ano parece que uma ameaça está mais próxima de casa.”
A guerra pode ocorrer, seja você quer ou não, portanto é preciso estar preparado para essa possibilidade. Esses exercícios nos fazem levar isso mais a sério, completou Fang.
Taiwan uniu, pela primeira vez em 2024, seus dois principais exercícios de defesa civil, Wan An e Min An, em um único exercício de preparação para a ilha inteira: o Exercício de Resiliência Urbana de 2025, realizado em conjunto com o Han Kuang 41, a maior simulação militar da ilha.
Os exercícios deste ano têm duração de dez dias, o dobro da duração anterior. O momento escolhido não é casual. As tensões com Pequim permanecem elevadas. Embora as pesquisas sugiram que a maioria dos taiwaneses não acredita que uma invasão seja iminente, o governo está se preparando com foco e urgência.
Além de sirenes e evacuações, o exercício compreendeu simulações de evacuações em massa e lançamentos de suprimentos de emergência. No distrito de Neihu, em frente ao Hospital Geral Tri-Service, os militares simularam uma resposta real a um ataque com mísseis falso.
Médicos com equipamentos de proteção totais realizaram a simulação do atendimento das vítimas, ao mesmo tempo em que vias adjacentes foram bloqueadas.
Na Taiwan, mais de 22 mil reservistas, um aumento de quase 50% em relação ao ano anterior, participam de exercícios que abrangem desde o combate urbano até a defesa cibernética.
Nos últimos dias, soldados conduziram exercícios em túneis de metrô e salas de exposição, transformando a infraestrutura civil em campos de batalha de teste.
O Ministério da Defesa ressaltou a prontidão militar e o envolvimento público, abrangendo novas ações de contato com estrangeiros em Taiwan, com orientações em inglês sobre os procedimentos e locais a serem consultados.
O governo também está incentivando os cidadãos a baixar mapas de abrigos, aprender rotas de evacuação e identificar os diversos sinais das sirenes.
Assim que o apito de “tudo limpo” soou em Taipei, a cidade retomou rapidamente o normal.
Em poucos segundos, o trânsito e os pedestres voltaram às ruas, com as pessoas seguindo em frente e buscando se proteger do calor e da umidade do verão. A maioria acredita que, na próxima vez que ouvirem sirenes, será outro tipo de exercício.</
Fonte por: CNN Brasil
Autor(a):
Fluente em quatro idiomas e com experiência em coberturas internacionais, Ricardo Tavares explora o impacto global dos principais acontecimentos. Ele já reportou diretamente de zonas de conflito e acompanha as relações diplomáticas de perto.