Câncer com Ascendente em Virgem: A Conexão Entre Vida e Arte
Quando se aborda a dramaturgia, muitos lembram da famosa frase: “a vida imita a arte ou a arte imita a vida”. Em “Câncer com Ascendente em Virgem”, escrito e protagonizado pela atriz Suzana Pires, 49, essa ideia se concretiza, unindo vida e arte de maneira íntima.
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A narrativa de Clara é inspirada na história da produtora Clélia Bessa, que, ao ser diagnosticada com câncer de mama em 2008, criou o blog “Estou com câncer, e daí?” (que mais tarde se transformou em um livro), onde compartilhava sua rotina com a doença. Ao assistir Suzana no espetáculo “De Perto Ela Não É Normal”, Clélia teve a certeza de que a atriz seria a escolha ideal para interpretá-la e desenvolver o roteiro de um filme sobre sua vida.
Emoção e Conexão
“Ser escolhida por ela foi uma das maiores emoções da minha vida, porque sempre a admirei profundamente”, relata Suzana em entrevista. Ela também menciona seu desejo de trabalhar com Clélia e Rosane Svartmann, 56, que seria a diretora do filme. “Elas fazem o cinema em que acredito: desde a observação do comportamento humano até o resultado final na tela.”
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“Clélia decidiu enfrentar o câncer com humor e poesia, e isso me tocou profundamente”, explica a atriz sobre sua conexão com a história da produtora. Apesar do tema desafiador, “Câncer com Ascendente em Virgem” é uma comédia que retrata a vida de uma professora controladora que precisa lidar com a surpresa do câncer.
Transformação e Autenticidade
Ao acessar o material do blog bem-humorado, Suzana percebeu que tinha as ferramentas para abordar o tema com leveza: “Era uma oportunidade de iluminar um assunto difícil de uma maneira nova, acessível e profundamente humana. É um filme necessário.”
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Com a tarefa de transformar as experiências de Clélia em um roteiro, Suzana vivenciou uma conexão dolorosa: seu pai recebeu um diagnóstico de câncer. “Foi um choque profundo”, relembra, notando semelhanças entre seu pai e Clélia.
Imersão e Coragem
Para dar vida à professora de matemática, Suzana se imergiu no cotidiano de pessoas com câncer, realizando leituras e ouvindo médicos, pacientes e Clélia, de onde extraiu “a força de Clara”.
Buscando autenticidade e seu “compromisso com a verdade”, a atriz decidiu raspar o cabelo em cena, junto com a personagem. “Não conseguiria representar essa mulher sem passar por essa transformação. Raspar o cabelo foi um dos momentos mais emocionantes da minha carreira”, reflete.
Reflexões e Aprendizados
Enquanto interpretava Clara, Suzana também lidava com o tratamento do pai, uma coincidência dolorosa em sua vida. Apesar da delicadeza do momento, ela percebe que a personagem a ajudou a expressar a dor que não conseguia verbalizar. “Foi doloroso, mas libertador. Interpretar Clara foi como transformar em arte o que estava engasgado dentro de mim.”
Felizmente, assim como Clélia, seu pai conseguiu vencer a doença, o que é “celebrado todos os dias”. Hoje, aos 80 anos, ele leva uma vida digna, apesar de algumas comorbidades e efeitos colaterais da quimioterapia.
Com um trabalho que rendeu uma indicação de Melhor Filme ao Prêmio Grande Otelo por Voto Popular e atraiu milhares ao cinema, a atriz aprendeu sobre coragem. “Tanto meu pai quanto Clélia me mostraram que é possível sair desse processo transformado — mais consciente, mais humano e mais grato.”
“Levo a coragem de rir diante do inesperado. Clara me ensinou que o humor pode ser uma forma de resistência e que, mesmo nos dias mais difíceis, sempre há um espaço para a esperança”, conclui Suzana Pires.
